7:32O espetáculo eleitoral e a ninguenzada

A que distância está a ninguenzada deste novo espetáculo eleitoral? Há menos de um mês, um dos candidatos a prefeito de Curitiba iluminou a paisagem numa conversa informal com o signatário ao afirmar, de forma simples, e como se estivesse de fora do pequeno círculo de pessoas que se retroalimenta dentro da briga de foice para conquistar o poder: “Uma coisa é a disputa que aparece, outra é o que o povo está querendo”. O resultado da primeira pesquisa, divulgada no sábado passado, com empate técnico entre os três mais fortes concorrentes (Ratinho Junior, do PSC, ficou com 27%; Luciano Ducci, do PSB e Gustavo Fruet, do PDT, têm 23%, e Rafael Greca, do PMDB, obteve 10%), confirma o que qualquer pessoa mais ou menos informada sabia e sabe (na terça-feira passada um deputado do PMDB revelou pesquisa interna com números parecidos), mas de uns tempos para cá os números ganharam contornos mágicos que podem conduzir os concorrentes ao Olimpo – e os institutos, com raras exceções, se transformaram em empresas milionárias a fazer pesquisas muitas vezes ao gosto do freguês, dependente deles e crente que o zé povinho pode ser influenciado. Leiam as repercussões sobre este primeiro Datafolha. Pesquisem em qualquer jornal daqui ou do país, em eleições para prefeitos, governadores, presidente, síndico de prédio, etc. Recortem a frase do sicrano que estava em primeiro lugar no início da disputa há uma década e comparem com o de agora; ou então aquele que despencou nos primeiros levantamentos; ou o que sabe que não vai ganhar e saiu do nada para o pouco… São iguais, feitas, assimiladas durante este “aprendizado” rastaquera que entronizou primeiro os marqueteiros, vendedores das imagens que, muitas vezes, estão a anos-luz do que é de fato o candidato, e agora faz da banca de advogados as novas estrelas a produzir ações diárias, provando que a guerra, de limpeza, não tem é nada parecida com sorriso candidatos nas fotos, cujos dentes branqueados no photoshop são um acinte ao povo de sorriso careado e que mora nas bordas imensas da Cidade Sorriso. Falar em candidatos de partidos políticos seria uma piada nesta altura do panorama da capital, da província e do país. O pano de fundo é o espetáculo diário das denúncias de corrupção. A paisagem sempre foi e sempre será a da luta para se manter ou tomar o poder por grupos que se ajuntam de acordo com as conveniências da hora, sempre com o apoio do andar de cima de empresários interessados no butim, ou seja, no orçamento – e quanto maior, melhor. O povo sabe disso? Não sabe nem que paga a conta porque o Brasil é um país onde, hoje, portadores de diplomas universitários são analfabetos funcionais – só para se ter uma ideia do tamanho da coisa. É provável que esta ignorância generalizada, aliada ao fator fundamental de o zé da esquina ter mais é que se preocupar em ter o que comer no dia-a-dia, que faça das campanhas eleitorais algo parecido com a venda de produtos cuja qualidade ninguém conhece, mas com embalagem atrativa. Daí a importância que dão aos segundos, minutos do horário gratuito, na crença de que se assista aos programas. Nós, que fazemos parte da meia dúzia que, por um motivo ou outro, estamos ligados na disputa, sabemos, por exemplo, que Ratinho Junior, não importa que resultado obtenha em outubro, já é o grande vencedor desta eleição, tal a dimensão do espaço que ganhou e vai ganhar lá – ele que tem apenas 30 anos. O prefeito Luciano Ducci estreia na disputa eleitoral com a responsabilidade de ser um pilar importante do grupo de sustentação do grupo do governador Beto Richa, que apostou todas as fichas nele e será seu principal cabo eleitoral, pra não dizer garoto propaganda, pois seu futuro (o de Beto) também está em jogo – ele que tem até sonhos presidenciais. Ducci, com o poder na mão, seguiu a cartilha de Richa quando este foi reeleito: transformou-se num tocador de obras, principalmente no ano eleitoral. Gustavo Fruet joga uma cartada em duas frentes. A própria, como o político de imagem irretocável que foi preterido por Roberto Requião no PMDB e por Beto Richa no PSDB porque tinha força para fazer sombra a estas lideranças. Joga também na linha de frente do PT, que o abraçou para ser o aríete a abrir espaço para a tomada no poder no Paraná em 2014 com a prevista candidatura da ministra Gleisi Hoffmann. Criticado pela aliança, pois foi ele, Fruet, um dos críticos ácidos do comportamento dos petistas metidos em falcatruas, acha que sua ficha mais que limpa lhe dá o aval para a aliança fundamental para a viabilidade da campanha. A ninguenzada já ouviu falar dos três principais candidatos. Será bombardeada por mais pesquisas e os programas eleitorais. Quem conseguir juntar o lé da sinceridade com o cré do que ela, a massa ignara, está querendo…

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8 ideias sobre “O espetáculo eleitoral e a ninguenzada

  1. Ari Chamulera

    Parabéns pelo texto, só uma observação ao autor que foi muito generoso com Fruet, pois é lamentavel que o candidato tenha feito aliança com o PT, pois sepultou sua candidatura a Prefeito, que pena pois era o melhor candidato – Curitiba não aceita o PT e seus aliados, Curitiba não perdoa traição.

  2. jorge

    engraçado que na gazeta do povo o resultado é outro

    Gustavo Fruet em primeiro com 26%, seguido do Ratinho em segundo com 24% e Ducci tem apenas 16% de intenção de votos

  3. bob

    Nada ver essa crítica sobre a aliança PT e Fruet

    ele ja deixou bem claro que na época do mensalão, não criticou o PT e sim denunciou os corruptos que consequentemente eram do PT, como tinham outros corruptos de outros partidos tambem!

  4. mauro

    O blogueiro pode me explicar o por que a Gazeta do Povo de sábado aponta o Gustavo Fruet em primeiro com 26%, seguido do Ratinho em segundo com 24% e Ducci tem apenas 16% de intenção de votos)
    não dou os parabéns como o colega Ari , pois está sua informação está incorreta !

  5. Laura Becker

    Sepultado na minha opinião está o Ducci que fez aliança com o Derosso, porém questiono o resultado das pesquisas do Data Folha, porque lá saiu uma coisa, e aqui na Gazeta saiu outra com o Fruet em primeiro seguido do JR. E aí? Acreditamos em que? Será que até isso estão comprando???

  6. Aninha

    Fato é que nada disso tem muita relevância em números absolutos. A proporção é o que conta e nesse quesito o Fruet está muito bem, obrigado.

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