Desenho e texto de Simon Taylor
Acho que o Seu Pedro nem era tão velho, mas na minha cabeça ele era MUITO velho! Seu Pedro tinha uma “venda” a duas quadras de casa. Tinha café moído na hora e uma horda de bêbados que passava o dia todo jogando sinuca e pendurando no caderninho o mé do dia. De vez em quando sobrava jornal velho lá em casa. Minha mãe reunia tudo e dizia pra eu levar pro Seu Pedro (porque, naqueles dias politicamente incorretos, era normal enrolar o pão bengala no jornal, então o comerciante precisava de MUITO jornal velho). Pronto, estava feita minha felicidade. Eu sabia que quando eu chegasse lá, o Seu Pedro iria me abrir aquele sorriso e, com uma habilidade que só ele tinha, iria fazer um cone com o papel velho e preenchê-lo com uma generosa porção de amendoins doces para me retribuir a gentileza. Eu realmente gostava MUITO de ir no Seu Pedro.
Nada inédito: Qual homem hoje criança ontem não teve um “seu Pedro” cúmplíce? O meu “seu Pedro” eu o chamava de Joaquim padeiro.
O meu era o “seu” Albino, na R. Petit Carneiro. Lá a gente comprava bolinhas de búrico e as bombinhas de riscar na caixa de fósforo, que nos transformavam em pessoas muito poderosas.
Que maravilha minhas lembranças provocarem outras tão queridas!
Um abraço a todos…
Simon