13:50Para Geraldino

Há uma foto nos arquivos da revista Placar onde Geraldo Damasceno aparece no gramado da Vila Capanema, de terno, gravata e se apoiando, em pé, numa pilha de livros que trouxe de sua biblioteca particular. Era técnico do Colorado. Além de ser um daqueles raros tipos que dificilmente ergue o tom da voz, lera e relia os clássicos da literatura mundial, colocava acima de táticas o relacionamento educado e sincero com os jogadores que comandava, e sabia do que falava sobre os mistérios da bola, pois “esteve lá”. Talvez por isso muitos achavam que Geraldino tinha personalidade fraca. Engano total. Era fortíssimo em suas convicções, principalmente porque sabia que não é preciso grito e força para se impor. Depois que abandonou os gramados nos encontramos algumas vezes. Era o mesmo a quem entrevistei muitas vezes durante a semana de treinos ou no vestiário depois de um jogo. Uma raridade no mundo da bola. Este, em que Geraldino escreveu sua parte na história e que ficará para sempre no registro das letras e imagens da lembrança e impressas.

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8 ideias sobre “Para Geraldino

  1. Zangado

    Belo depoimento, Ze Beto.
    Geraldino era isso mesmo, uma pessoa de convivencia exemplar.

  2. Ivan Schmidt

    Entrevistei-o várias vezes para matérias de futebol do Show de Jornal da TV Iguaçu, especialmente na véspera dos clássicos… era um homem calmo, ponderado, avesso a brilharecos tão comuns a certos treinadores contemporâneos. Grande perda para o esporte paranaense, assim como Vinicius Coelho, lembrado por todos por seu amor ao Coritiba. Mas havia uma outra devoção, talvez maior, que ningém citou: Vinicius era também torcedor apaixonado do Fluminense…

  3. Marcos Domakoski

    Tive o privilegio de conviver com Geraldino e sua família no inicio da década de 70, e testemunhei este Geraldino, sempre educado, gentil, amável e prestativo com a família, os amigos e os atletas. Alias, depois de ter jogado uma partida amistosa de futebol em Guaratuba em seu time, recebi dele o convite para treinar no aspirante do Ferroviário, convite este que não teve anuência de meus pais, pois a prioridade era terminar meu curso de engenharia. Mas fica a lembrança do convite desta grande figura humana!

  4. Olivia R. Damasceno branco

    Obrigada Zé Beto pelas suas palavras tão especiais sobre meu pai. Realmente um homem de conduta invejável, marcante no convívio e um puro literato. Abraços,

  5. José Maria Correia

    E além de tudo era casado com uma das moças mais lindas de Curitiba na època e que foi sua dedicada cmpanheira

  6. Marcos vinicius A. Damasceno

    Nao o conheço pessoalmente Ze mas sem duvida alguma voce conheceu meu Pai. Lembro-me qdo adolescente andando pela rua XV de Novembro ao seu lado oque diga-se de passagem, que tarefa dificil de se realizar tamanha sua popularidade, enfim, entramos no banco e fiquei olhando meu Pai estendendo a Mao e sendo gentil com todos os funcionarios, do segurança ao gerente, ninguem ficou sem seu ” muito boa tarde como voçe esta” atitudes como esta ficarão marcadas em minha memoria para sempre. Que os Céus o tenham meu pai querido, pois este sera sem duvida um lugar melhor daqui por diante.
    Obrigado Ze

  7. José Mario Damasceno

    Agradeço as suas palavras e o reconhecimento a personagem de meu Pai, sem dúvidas uma Pessoa como poucas, e que deixara para nós familiares uma lacuna muito grande, porém seus ensinamentos e conduta nos farão seres melhores, um abraço e parabéns pelo seu trabalho. Zé Mario.

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