8:32Sérgio Ferro ganha título de Cidadão Benemérito e inaugura exposição no TC

O Tribunal de Contas do Paraná informa:

Pinturas do curitibano Sérgio Ferro inauguram espaço cultural do TCE

“Com o mesmo zelo que o Tribunal de Contas busca a origem dos gastos públicos, o pintor procura a liberdade ao criar sua arte”, afirmou o artista, arquiteto e professor, ao receber título de Cidadão Benemérito do Paraná, concedido pela Assembleia Legislativa. Mostra gratuita vai até dia 5 de julho e marca aniversário de 65 anos do TCE

Os 65 anos do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) ganharam, na tarde desta sexta-feira (22 de junho), o arrojo das cores, a geometria das formas e a sensibilidade plástica de um pintor curitibano internacionalmente aclamado pela crítica especializada. Obras de Sérgio Pereira Ferro, 73 anos, a maior parte delas vinda da França, inauguraram o Serviço de Ações Culturais do TCE. Cerca de 80 pessoas prestigiaram o novo espaço e acompanharam uma homenagem ao artista.

“Sensibilidade, intuição, plasticidade e criatividade são qualidades da arte aplicáveis a qualquer atividade. Quando nos permitimos esse ambiente interno, desempenhamos nossas funções públicas com mais prazer e alegria”, disse o presidente do Tribunal, Fernando Guimarães, ao abrir a solenidade, esclarecendo o porquê da iniciativa. “Pessoalmente, acho as obras dele tão boas quanto as de um Michelangelo”, opinou.

Sérgio Ferro recebeu título de Cidadão Benemérito do Paraná, proposto e aprovado por unanimidade na Assembleia Legislativa (Alep).  “Esse é um paranaense que nos orgulha, ilustre curitibano, premiado no mundo e inspiração para novas gerações de arquitetos”, salientou o deputado Plauto Miró (DEM), autor da proposta, antes de entregar a placa ao pintor.

Com emoção, o artista desculpou-se pelo português calejado pelo desuso – Ferro mora na França desde 1972 – e agradeceu às instituições públicas. Enalteceu o Serviço Cultural proposto pelo TCE e dedicou a honraria da Assembleia Legislativa à “liberdade popular”. “O pintor nunca falha em proveito próprio. Falha em nome de sua comunidade, do seu público”, justificou, antes de comparar: “Com o mesmo zelo que o Tribunal busca a origem dos gastos públicos, o pintor procura a liberdade ao criar sua arte.”

Ferro dividiu o título de cidadania, em especial, com sua esposa, Ediane, e seus principais apoiadores na arte – a organizadora do Serviço Cultural, a servidora do TCE Flávia Simões de Assis, e o marido dela, Valdir Simões Filho, donos da galeria de arte que viabilizou a exposição no TCE. Estiveram presentes à ocasião, entre outras autoridades, o presidente da Associação Comercial do Paraná, Edson José Ramon, e o cônsul da Argentina em Curitiba, Hector Gustavo Vivacqua.

A exposição reúne dez quadros do artista e tem entrada gratuita. O público pode visitar as obras do pintor de estilo neorrenascentista até 5 de julho, de segunda a sexta-feira, das 10 às 17 horas, no quinto andar do Edifício-Anexo do Tribunal (Praça Nossa Senhora da Salete, s/n, Centro Cívico, em Curitiba).

Arte no TCE

De acordo com a organizadora do Serviço Cultural, mostras fotográficas, espetáculos cênicos e de dança, além de outras representações artísticas devem ser viabilizados e se tornar rotina dentro do órgão. “Já estamos em conversa para expor, na sequência, peças de um reconhecido designer de móveis, algumas delas consideradas raridades”, conta Flávia Assis.

Para a analista de controle com 33 anos de TCE Eny de Fátima Madeira, os quadros de Ferro reservam algo de indescritível. “Ele brinca, joga com as formas de um modo especial, há um certo mistério”, expressou a contadora, que conheceu a exposição e elogiou a iniciativa cultural. “Areja um pouco mais nosso dia-a-dia”, argumentou.

Entre os que vieram de fora prestigiar a mostra, Leila Betim, assessora jurídica na Alep, avaliou como inovador o novo serviço artístico. “Permite revelar a sensibilidade, foge ao rigor técnico da lei e sisudez do espaço público”, opinou ela. Ex-servidora do Tribunal de Contas, Leila deixou a Casa em 2000, após 16 anos. “A obra do Sérgio  Ferro significa requinte, contornos bem definidos e objetivos”, interpretou.

Vida e obra

Pintor, arquiteto, desenhista e professor, Sérgio Ferro Pereira nasceu em Curitiba, em 25 de julho de 1938. Diplomou-se em Arquitetura pela Universidade de São Paulo (USP), em 1962. Na mesma universidade, cursou pós-graduação em Museologia e Evolução Urbana (em 1965) e especialização em Semiótica, no ano seguinte.

Nas décadas de 1960 e 1970, exerceu importantes atividades didáticas no Brasil. Foi professor de Composição e Plástica na Escola de Formação Superior de Desenho de São Paulo e de História da Arte e Estética, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Também lecionou Arquitetura na Universidade de Brasília (UnB).

Durante a década de 1960, o artista atuou – juntamente com Rodrigo Lefèvre e Flávio Império – no grupo Arquitetura Nova, voltado à compreensão do exercício da profissão do arquiteto, simultaneamente como ação cultural, política e produtiva.

Perseguido pela ditadura militar (1964-1985) em razão dessa militância, em 1972 Sérgio Ferro se viu obrigado a mudar-se para a França. Naquele país, foi professor catedrático de História da Arte na Escola de Arquitetura de Grenoble, no biênio 1979-80.

Além da carreira docente, dedicou-se intensamente à pintura, instalando seu ateliê em Grignan, no sul da França. Escolhido por uma comissão, pintou Os Passos da Paixão, composto por 14 telas, para a Catedral de Lille.

Premiado muralista

Sérgio Ferro recebeu diversas premiações, no Brasil e na França. Destacam-se a comenda de Melhor Pintor do Ano de 1987, conferido pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e o título de Cavaleiro das Artes e das Letras, conferido pelo governo francês em 1992.

O artista também executa murais de grandes dimensões. Nesta categoria estão os murais pintados nas cidades francesas de Villeneuve, Lyon e Grenoble. A convite do arquiteto Oscar Niemeyer, pintou um dos murais do Memorial da América Latina, em São Paulo. Curitiba também recebeu dois de seus murais comemorativos: em homenagem aos 300 anos da cidade (em 1996) e aos 500 anos do Brasil (em 2000). Ambos estão no Memorial de Curitiba.

Sérgio Ferro tem vários livros publicados, entre eles O Canteiro e o Deserto (1979) e Michelangelo: Notas por Sérgio Ferro (1981).

Serviço:

Artista: Sérgio Ferro

Período: Até 5 de julho. De segunda a sexta, das 10h às 17h.

Local: Tribunal de Contas do Estado do Paraná

Endereço: Praça Nossa Senhora de Salete s/n, Centro Cívico – Curitiba

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