por Célio Heitor Guimarães
Se há um homem que se deve admirar, respeitar e querer bem, como ser humano e advogado, esse homem se chama Mauro Nóbrega Pereira. É um homem sério, decente, honrado, corajoso e batalhador. Nunca participou de chicanas, não tira coelhos da cartola, não faz acertos – fora ou dentro dos autos; da mesma forma que não transige um milímetro no cumprimento da lei e na procura da Justiça. Suas petições são consistentes e orgulham a classe.
Catarina de São Francisco do Sul, filho de caiçaras de boa cepa, chegou menino em Curitiba, há mais de setenta anos, após breve passagem por Mafra, ali na divisa com o Paraná. Foi morar numa pensão, modesta, como também sempre foi e sempre seria a sua vida. Mas o sonho era grande: queria ser advogado. Pela Faculdade de Direito da Universidade do Paraná. Realizou- o, ainda que não lhe tenha sido fácil. É da turma de 1955, que, entre outros ilustres nomes da beca, formou Lélis Correia, Augusto Prolik, Alir Ratacheski e Newton Stadler de Souza.
Dr. Mauro talvez seja um dos poucos daquela época ainda em atividade. Plena atividade, diga-se de passagem. É um advogado à moda antiga, daqueles que recebe o cliente, fica sabendo do caso e, antes de qualquer solução, passa a estudá-lo com carinho. Vai aos livros, confere a doutrina e a jurisprudência e vale-se, sobretudo, de sua extraordinária experiência. O cliente não poderia estar em melhores mãos. E nem irá ser explorado por isso. Ao contrário.
Dr. Mauro é devoto de Santa Terezinha, mas costuma cobrar honorários franciscanos, ainda que criticado por isso. Não é um homem rico de riqueza material, mas com certeza fez por merecer cada tostão que recebeu no exercício da profissão. É um exemplo para as novas gerações. Mirem-se nele, meninos, e a vida lhes será proveitosa!
Aos 83 anos de idade, Mauro Nóbrega Pereira tem quatro filhos e vários netos. Mas a grande companheira de caminhada ele foi buscar na Colônia de Thomaz Coelho, em Araucária: uma polaquinha (ou seria alemãzinha?) bonita como ela só (até hoje), chamada Maria de Lourdes Rek.
Na semana passada, Mauro e Maria de Lourdes Nóbrega Pereira completaram 60 anos de casados, uma existência de companheirismo, amor e compreensão, capaz de enfrentar e superar os obstáculos e as tristezas da vida, com coragem, fé e resignação. São dois vencedores.
As Bodas de Diamante não apareceram nas colunas sociais, porque, em se tratando do dr. Mauro, isso era só o que faltava!, mas causaram grande alegria em seus amigos.
Aprendi com meu amigo Rubem Alves que a velhice tem uma beleza própria. É o tempo da sabedoria. Já Proust dizia que um velho é apenas um adolescente que viveu mais tempo. Dr. Mauro e d. Lourdes são dois jovens com a eternidade dentro de si. Vida longa e saúde a ambos.
Para falar apenas do advogado. Já tive oportunidade de dizer, seja como simples cidadão, seja como advogado, seja como Presidente da OAB/PR, que Mauro Nóbrega Pereira sempre foi, como ainda é, um paradigna de modelos hoje escassos. Durante os anos que convivi com ele, como seu estagiário, aprendi praticamente tudo que sei sobre ser ou estar advogado, e, confesso sem pejo, jamais conheci outro que, mesmo sem ter se dedicado à vida acadêmica, tenha amealhado tamanha cultura jurídica; mas não foi só ela que fez de Mauro Nóbrega Pereira o advogado que é. A extrema dedicação à causa lhe confiada, a extraordinária visão estratégica do processo e a incomparável sensibilidade para diagnosticar e prevenir a mais oculta dificuldade, foram as características que fizeram e fazem dele, antes mesmo de um professor de Direito, um professor, mestre e doutor da advocacia. Não sei o que teria sido de minha vida profissional sem as lições que dele tomei e que, até hoje, ainda me conduzem. Tenho orgulho, quando posso, de ainda carregar-lhe a pasta.
Esse é o dr. Hipólito que o egrégio TJ/PR tem evitado acolher naquela Corte…
Meus caros Célio Heitor e José Hipólito:
Em nome dos meus queridos Pais (que privilégio na minha idade poder dizer isto!), agradeço-lhes pelo carinho da mais pura amizade demonstrada nestas comoventes palavras de homenagem e reconhecimento a eles dirigidas. Vocês são, como diz um compadre meu, daqueles poucos amigos que podem chegar em nossa casa, entrar pela porta da cozinha e sentar ao lado do fogão.
Caríssimo Célio Heitor, agradeço o comentário, mas devo, a bem da verdade, retificar o gentil comentário, para informar que o Tribunal de Justiça, para meu gáudio pessoal, tem me colocado como o mais votado na lista tríplice, porém, apesar disso, o Executivo optou por outra nomeação.
Ah, então o inimigo está do outro lado da praça! Está vendo, dr. Hipólito, o que dá ser um sujeito, além de competente, honrado e independente. Gente assim não agrada o poder.