8:06A triste graça de Lula

por Célio Heitor Guimarães

Está na hora de alguém aplaudir publicamente o ilustrador e cartunista Paixão, agora também curitibano honorário, da equipe da Gazeta, pelos seus mais recentes cartuns. Se ninguém o fez ainda, faço-o eu. E com imenso prazer. A atual série do humorista sobre o “afair” Lula-Judiciário está uma delícia. A charge desta sexta-feira, então, é antológica. Luiz Inácio assediando, safadamente, a Justiça…

Todo mundo sabe que uma bem lançada crítica gráfica vale mais do que cem laudas escritas. E nesse quesito a rapaziada paranaense está muito bem na fotografia. Solda, Paixão, Sponholz, Simon Taylor, Benett, Tiago Recchia, Dante Mendonça, Pancho Camargo, Marco Jacobsen, Miran, Jean, Pryscila Vieira, Marchesini – alguns frequentadores deste latifúndio zebetano. Arte é o que não lhes falta. E ideia muito menos.

Neste país dominado pelo lulismo, pouco adianta criticar o ex-presidente. Ele dispõe de uma claque submissa e atuante, que reage imediatamente, sem argumento e sem civilidade, mas sempre disposta a proteger o grande ídolo de barro.

Dora Kramer, de O Globo e de O Estado de S. Paulo (aqui, também da Gazeta) acerta na mosca ao escrever que “Lula não está fora de si. Está, isto sim, cada vez mais senhor de si. Investido no figurino do personagem autorizado a desrespeitar tudo e todos no cumprimento de suas verdades”. E tem toda a razão quando acrescenta que “a exacerbação desse rude atrevimento é fruto de criação coletiva e não surgiu da noite para o dia. A obra vem sendo construída gradativamente no terreno da permissividade geral onde se assentam fatores diversos e interesses múltiplos, cuja conjugação conferiu a Lula o diploma de inimputável no qual ele se encontra em pleno usufruto”.

O jornalista Augusto Nunes está absolutamente certo ao expressar, em texto aqui reproduzido, que “num país sério, os estupradores da lei eleitoral sairiam algemados do SBT”. Refere-se à “entrevista” concedida por Luiz Inácio ao apresentador Ratinho. E vai direto à carótida: “A captura do achacador de juízes do Supremo libertou o atropelador da legislação eleitoral. Nesta quinta-feira, com a cumplicidade militante do apresentador do Programa do Ratinho, Lula deixou em casa o chantagista a serviço da quadrilha do mensalão para incorporar num estúdio do SBT, durante 40 minutos, o animador de palanque a serviço de si próprio e de companheiros do PT. O que se viu na tela foi mais que propaganda eleitoral antecipada. Foi um comício ilegal estrelado por um pecador sem remédio nem limites, permanentemente empenhado em desmoralizar as normas que regem eleições no Brasil”.

Nunes será atacado (como já está sendo) pela matilha raivosa, chamado peessedebista camuflado ou de pelego da revista Veja. Contra-argumento, que é bom, nenhum. Sanidade, nenhuma.

Por isso, vida longa para Paixão e seus companheiros de pincel e nanquim. É preciso, ao menos, rir dessa gente que nos faz chorar.

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2 ideias sobre “A triste graça de Lula

  1. Célio Heitor Guimarães

    Em se tratando dos sentidos humanos, prezado Jeremias, prefiro o dito popular, colhido na Bíblia: o pior cego é aquele que não quer ver.

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