por Roque Sponholz*
Nenhum país do mundo combate crise econômica vendendo carros, exceto o nosso. Incentivar a compra de veículos para o transporte individual através da redução de impostos e de financiamentos com juros baixos e prazos longos para atender ao lobby de montadoras em detrimento ao transporte coletivo, é medida demagógica, inconseqüente e criminosa com nossas cidades e conseqüentemente com seus cidadãos.
Desde a sua invenção, a propaganda glamourizou o uso do automóvel dando-lhe a falsa conotação com o status social. Daí a estúpida paixão do brasileiro pela máquina de quatro rodas que substitui duas patas. Hoje o maior problema de nossas cidades é o tráfego. Nossas ruas não mais comportam o excessivo número de veículos que a cada dia nelas são despejados.
Nossas vias interurbanas transformaram-se em campos de batalha onde, a cada ano, morrem mais de quarenta mil brasileiros e outros tantos sofrem danos físicos irreparáveis. A solução? Uma só: transporte coletivo eficiente, com canaletas exclusivas, com conforto, com rapidez…
Mas priorizá-lo e subsidiá-lo parece não ser a vontade deste governo.
Sua vontade é fazer com que o brasileiro atole-se em dívidas, seja o campeão da inadimplência, deixe de construir um quarto para abrigar um novo filho construindo uma garagem para abrigar um carro novo ou um novo carro.
E ainda falam em “mobilidade urbana”. Ora tenham vergonha!!! Pensar momentaneamente e emergencialmente (devido a copa do mundo), em “mobilidade urbana” para meia dúzia de cidades, esquecendo-se das mais de cinco mil e quinhentas outras que também precisam de “mobilidade urbana” é, no mínimo, desrespeito e escárnio.
Enfim, lá vamos nós enfrentar o tráfego nosso de cada dia que o governo nos dá hoje.
Triste país este.
* Arquiteto e Urbanista
Fala isso pro pai de família que está em vias de perder o emprego pois trabalha em uma montadora. É polêmico demais para argumentos rasos como esse.
Não é raso, nada, é muito sério e certo. Ou o tal do Olegário acha que a indústria automobilística é a tábua de salavação dos empregos. O governo que invista em outras frentes de desenvolvimentos, pois esse está apenas trazendo dívidas à população e transtornos viários às cidades.