11:28COLUNA DA SERPENTE

por Ruth Bolognese

Entre a fonte e a ética

Meu amigo Celso Nascimento, seríssimo colunista político da Gazeta do Povo, me contou que dia desses um médico lhe mandou uma carta reclamando que ele só critica determinados segmentos do poder público e que deveria ser mais abrangente. E o Celsinho, que sempre leva em conta a opinião de quem o lê, faz a clássica observação, que é a grande questão do jornalismo: “Ora, mas se eu não me aliar a determinadas fontes, pelo menos durante certo tempo, o exercício do jornalismo crítico fica impraticável”.

Nessa vida de jogar dúvidas pra todo lado, que nós jornalistas escolhemos por livre e espontânea vontade, situações como essa são cotidianas. É lógico que a fonte que nos procura com a informação da hora tem seu interesse específico. É lógico que nem sempre a fonte da informação goza lá de idoneidade total (às vezes não tem nenhuma). É  lógico, também, que no meio de uma informação totalmente correta, às vezes vem embutida uma “pegadinha” que pode acabar com qualquer carreira de jornalista mais atilado. Mas esse é o fio da navalha no qual caminhamos todos os dias. E é justamente aí que mora a graça da coisa toda.

Nesse emaranhado absoluto, que é nossa lida, duas ou três máximas devem acompanhar desde o fedelho que entrou ontem na redação, que sabe tudo sobre informática e mídias sociais, até o coleguinha capenga que ainda chama o computador de “Olivetti”: 1) notícia boa é sempre contra; 2) nosso dever é desagradar as autoridades, quaisquer que sejam; e 3) e fonte de informação é igual periguete: a gente gosta, se diverte, mas se apaixonar vira refém. E, na condição de refém , inverte-se o papel do jornalista e lá se vai embora a informação ficha limpa.

Aquele moço da Veja, o Policarpo Junior, parece que esqueceu a última lição nessa relação de anos e anos com o tal do Carlinhos Cachoeira. E agora a maior e mais importante revista do País está rebolando mais do que as novas musas do tecnobrega para tentar se explicar. Eu, hein?

Compra de Partido

O Carlinhos Cachoeira, o “empresário” brasileiro que mais apostou na diversificação de atividades, já esteve interessado até em comprar um partido político. Parece que o negócio não deu certo. Certamente porque não existe mais, pelo menos no mercado nacional, partido político para comprar. Todos já foram devidamente comercializados e consumidos.

Sábado

E porque hoje é sábado, tá fresquinho, mas o sol brilha, vamos saudar a vida!!!

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3 ideias sobre “COLUNA DA SERPENTE

  1. Jorge Eduardo

    Musa do Laurentino: concordo com você em quase tudo. No lato sensu você está corretíssima. Era criança quando lia o caso Watergate. O colunista Jack Anderson, que competia com Bob Woodward e Carl Bernstein na cobertura (ele, que não tinha seu deep throat), dizia que suas fontes eram funcionários decentes insatisfeitos que queriam mudar o status quo. Os deles, idem.
    Jornalista que vira refém de fonte não é jornalista. Conhecemos gente boa assim.
    É claro que alguém sai ganhando com isso, mas não podemos alimentar essa fome. Temos de ser claros.
    Nosso dever é não é necessariamente desagradar as autoridades, mas quando o fazemos temos um certo prazer, néééé´?(como dizem nos filmes japoneses).
    Por fim, notícia boa é notícia boa: uma descoberta da ciência, um gol do Neymar, um disco do Chico, as fotos da Carolina (que ainda não vi) na internet, etc. e tal.
    Pra encerrar: quem tem bandido como fonte, sempre, é polícia, não jornalista. Quem troca proteção por notícia é igual a quem troca notícia por proteção.
    Beijo.

  2. Marcelo Scheider

    Uma duvida: o jornalista Celso Nascimento pertence ou pertenceu a Organizacao Fascista TFP como dizem os mais velhos?
    Sou ainda jovem jornalista, mas sei bem o que eh a TFP.
    Por favor, Ruth Bolognese voce pode responder?
    Desde logo agradeco!

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