7:02A vingança do consumidor

por Célio Heitor Guimarães

Todo mundo que tem linha telefônica, conta bancária ou cartão de crédito jápassou pelo constrangimento de ser importunado, a qualquer dia e a qualquerhora, com ofertas indesejadas e desnecessárias de parte das concessionária se entidades de crédito, através dos tais serviços de telemarketing. No entanto,se é você que necessita delas, o drama é outro: após esperas intermináveis– em que uma voz gravada lhe informa que “já vamos lhe atender” e lhe pede para não desligar porque a nossa ligação é muito importante para eles –, vocêé tratado como suspeito, tem a conversa gravada e é obrigado a submeter-se aum interrogatório preliminar, “a título de segurança” (nossa ou deles?).

Temos sido reféns dessas situações, neste velho mundo dominado pelos negócios e pelas espertezas, onde a palavra de ordem é explorar ao máximo o consumidor e dificultar-lhe ao extremo possíveis queixas e/ou a solução de necessidades.

O consolo é saber que haverá sempre alguém, do lado de cá, capaz de, comcriatividade e bom humor, enfrentar o capital dominante. E debochar dele. Ou usar contra ele o seu próprio veneno. Como fez um cidadão anônimo, no diálogo adiante, que é uma preciosa lição a ser seguida por todos nós. Com toda a gratidão ao autor, reproduzo o episódio:

Trimmmmm…….

– Alô.

– É o senhor Bighetti?

– Sim.

– Senhor Bighetti, aqui é da Telefônica. Estamos ligando para oferecer-lhe apromoção linha adicional, onde o sr. tem direito…

– Desculpe interromper, mas quem está falando?

– Aqui é a Rosicleide Judite, da Telefônica. Estamos ligando para…

– Rosicleide, me desculpe, mas, para nossa segurança, gostaria de conferiralguns dados. Pode ser?

– …bem, pode.

– De que telefone você está falando? O meu bina não identificou.

– Do 103.- Você trabalha em que área da Telefônica?

– Telemarketing Pró Ativo.

– Você tem número de matrícula na Telefônica?

– Senhor, desculpe, mas não creio que essa informação seja preciso.

– Então, terei de desligar, pois não posso ter segurança de que falo com alguém da Telefônica.

– Mas, posso garantir…

– Além disso, sou sempre obrigado a fornecer meus dados a uma legião deatendentes sempre que tento falar com alguém da Telefônica.

– Minha matrícula é 34591212.

– Só um momento, enquanto verifico.

Dois minutos depois:

– Só mais um momento.

Cinco minutos depois:

– Senhor?!

– Só mais um momento, por favor. Nossos sistemas estão lentos hoje.

– Mas senhor…

– Pronto, Rosicleide. Obrigado por ter aguardado. Qual é o assunto?

– Estamos ligando para oferecer-lhe a promoção linha adicional, na qual o sr.tem direito a uma linha adicional. Está interessado, sr. Bighetti?

– Rosicleide, eu vou transferir você para a minha esposa, pois é ela que decidesobre alteração e aquisição de plano de telefone. Por favor, não desligue, poisessa ligação é muito importante para nós.

O telefone é colocado em frente ao aparelho de som, onde está sendo tocada amúsica “Festa no Apê”, do Latino.

Quando acaba, a esposa atende:

– Alô. Pode me dizer o seu telefone, por favor

.- É o 103.- Com quem eu estou falando?

– Com a Rosicleide, da Telefônica

.- Qual a sua identificação na empresa?

– 34591212.

– Obrigada pelas suas informações. Em que posso ajudá-la?

– Estamos ligando para oferecer a promoção linha adicional, onde a senhora tem direito a uma linha adicional. A senhora está interessada?

– Um momento. Vou abrir um chamado e em alguns dias meu filho entrará emcontato para dar um parecer. Pode anotar o protocolo, por favor?

Tu-tu-tu-tu…

Use e abuse da lição, colega consumidor.

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Uma ideia sobre “A vingança do consumidor

  1. Edson

    Ótimo. Se apenas alguns fizessem isso, certamente esses mala-direta não nos importunariam mais.
    Abraço Grande Zé Beto

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