de Rogerio Distefano no Maxblog (http://www.rogeriodistefano.com/site/)

QUANDO GOVERNADOR, Roberto Requião recebeu Carlinhos Cachoeira em audiência, ele admite, segundo reportagem da Gazeta. Diz mais: que fez isso para conhecer quem ele queria chamar de canalha. E ato sucessivo pôs o bicheiro para fora do gabinete. Não vou dizer que Requião é estranho porque todos sabem que é. Nem que é mal educado e não conhece os limites da compostura exigida pelo cargo de governador porque disso todos também sabem.

Mas devo dizer que não acredito em Requião. Explico. Receber contraventor, quando apregoa sua honestidade a todos os ventos soa estranho até para os padrões de Requião. Chamar Cachoeira de canalha, assim na lata, não bate com Requião. Porque ele funciona de outro jeito: chama os outros de canalhas sim, é seu xingamento predileto, pois fora das molduras de seu espelho e das dos retratos de sua família para ele todos são canalhas, incluídos os vices e secretários que escolhe.

Mas Requião só xinga de canalha pelas costas, protegido pela distância. Cara-a-cara não tem essa valentia. Pode pintar um João Feio ou um Ciro Frare. Até mesmo um garoto cheio de brios como o ex-deputado Ricardo Gomide, demitido da presidência da Paraná Esporte com desaforo à distância. Gomide não levou o desaforo para casa: deslocou-se até Colombo, pegou Requião no palanque e o acompanhou até o carro retrucando os desaforos, que o então governador ouviu caladinho.

Quem não conhece, que compre o senador pelo valor de face. Quem conhece seu valor, sabe que daquela boca profana só sai lero. Entre a realidade e o que Requião descreve existe sempre a nota da fantasia, gênero que vai da alienação mental à mentira. O senador me faz lembrar a resposta de Winston Churchill ao adversário que mentia: “Meu caro, você sofre de halitose no cérebro”. Halitose, para quem não tem bafo nem lero, é mau hálito.