A manchete de hoje do jornal Gazeta do Povo (ler abaixo), que destrincha a auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) que constatou o que todo mundo sabe, que a política antidrogas do Brasil é falha, dá o menor destaque para o que certamente seria a ação principal nesta guerra, ou seja, a prevenção. O Estado em geral e os governantes em particular nunca colocaram o problema entre as prioridades. Somente agora, com a desgraça do crack espalhada, o que se vê é o discurso demagógico em campanhas eleitorais, quando se sabe que a porta está arrombada há muito tempo e as pessoas estão morrendo como moscas no país inteiro. A falta de informação sobre o problema da dependência, o preconceito contra os doentes, a constatação óbvia de que tráfico é comércio altamente lucrativo e isso envolve a corrupção da polícia e da Justiça, tudo, enfim, contribui para que o panorama seja este que o TCU triscou no relatório que apresenta algumas soluções inviáveis, como o combate impossível na fronteira com os países produtores. Nunca é demais lembrar que os Estados Unidos, a maior potência do Planeta, não consegue impedir a entrada de drogas, mas conseguir estancar a onda de crack que, como aqui, se alastrou pelo país nos anos 80.