por Ruth Bolognese

      De todas as greves do transporte coletivo, a que atinge a Capital desde ontem foi a maior e a mais abrangente da nossa história nos últimos 15 ou 20 anos. A cidade parou, a chuva complicou ainda mais a vida do curitibano e…o prefeito Luciano Ducci sumiu. Faltou presença, faltou uma palavra de conforto para quem ficou perdido num terminal vazio e faltou liderança para assumir a gravidade da situação. Foi surpreendente a ausência do Prefeito Ducci, ele que vive , ou diz viver, 24 horas preocupado com tudo o que acontece em Curitiba.

    Na manhã de ontem, quando não se via um coletivo pelas ruas, um estupefato presidente da Urbs, Marcos Isfer, gaguejou nas entrevistas às rádios da Capital ao admitir que a autarquia, responsável pelo sistema de transporte de Curitiba, tinha conhecimento da extensão do movimento grevista. Logo em seguida, para comprovar o fato, um dono de Van reclamava que teve que esperar quase 4 horas na frente da Urbs para receber a autorização para trafegar com passageiros pelas ruas da cidade e amenizar a vida dos que fazem trabalhos de primeira necessidade. Enquanto isso,a assessoria de imprensa da prefeitura distribuía  informações à imprensa sobre as ações na Justiça para tentar manter parte dos ônibus circulando. Bobagem pura.

      Em momentos como esse, o presidente da República, o Governador ou o Prefeito têm a obrigação de que estar onde o povo está. É óbvio que ninguém imagina que a solução para uma greve dessa proporção saia num passe de mágica, numa negociação de meia hora. Mas todo mundo espera que o principal líder da cidade seja solidário, atento e acompanhe tudo como deve ser. E não é se escondendo atrás da informação oficial que o prefeito Luciano Ducci vai mostrar a todos nós, curitibanos, que  trabalha com vigor para que tudo volte à normalidade. É dizendo isso em alto e bom som,  através de todos os jornais, rádios e TVs, que vai se firmar como líder capaz de comandar nos momentos difíceis que a cidade atravessa. E se não tem uma boa justificativa para tamanho transtorno, que seja pelo menos solidário. O último líder paralisado diante do inesperado foi George Bush, nos segundos após a explosão das  Torres Gêmeas. Deu no que deu. E o exemplo aqui é lembrado guardando as devidas proporções, lógico. nAté o final da tarde de ontem o prefeito Luciano Ducci permanecia trancado a sete chaves na prefeitura.