6:54A porta

Sobre o resultado da pesquisa abaixo, seria interessante que os bravos pauteiros de jornais e televisões fossem atrás dos dependentes que estão em recuperação há mais de um ano, por exemplo, para fazer a pergunta se eles são favoráveis ou não ao internamento involuntário. Quem está no buraco da drogadição não tem o mínimo discernimento sobre a necessidade do internamento. Quer continuar se drogando, mesmo se estiver com um pé na cova. Às vezes entra numa clínica afirmando que foi por vontade própria de se tratar. É possível, mas os casos são raros. O signatário pediu ajuda e se internou há 17 anos porque não via mais saída e estava até cansado de tanto injetar a droga na corrente sanguínea. Não existe garantia de recuperação. Clínica não é tenda dos milagres. Mas um caminho que pode dar certo, mesmo porque se descobre 24 horas depois de se entrar que é possível se sobreviver sem a droga, seja ela qual for. Descobrir que os fatores emocionais são a razão central do problema é uma das chaves da questão. Numa clínica, faz-se terapia – e esta deve acompanhar a vida do dependente, no tratamento que é para sempre, afinal, se olhar, se conhecer é fundamental para se enfrentar os demônios internos e geralmente desconhecidos.  Há muito mais fatores que abrem o caminho de volta para o controle da própria vida, mas esta porta de entrada é a mais viável e de eficiência comprovada.

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Uma ideia sobre “A porta

  1. K.

    Em outra reportagem desta mesma Folha, foi dito que 60% dos dependentes voltam a consumir algum tipo de droga depois de um ano de tratamento. Por ai se vê que o troço é difícil, mas, como você disse, não é impossível… tem que passar pela porta.

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