por Claudio Henrique de Castro*
Imagine uma profissão em que todo santo dia sua mulher e sua família façam orações para que você chegue no final do expediente salvo e ileso. Pense uma profissão em que sua conduta deve ser tecnicamente impecável frente a situações bastante estressantes e que de sua atuação dependam vidas humanas. Avalie uma profissão em que você tenha o dever da coragem e que enfrente personagens perigosos, armados e audaciosos. Medite a respeito de uma profissão da qual toda sociedade fique atenta e que os mais diversos crimes sejam o seu cotidiano.
A exemplo da Polícia Federal, que instituiu um sólido Planejamento Estratégico, reduziu os graus da hierarquia, reduziu as diferenças salariais da base com o topo da carreira e se profissionalizou, desvinculando-se do Poder Executivo, é chegada a hora das valorosas polícias estaduais, a Civil e a Militar.
Não há tempo a perder. O Paraná pode dar um exemplo para o Brasil e definitivamente lançar um plano de valorização salarial condizente com os novos desafios frente ao crime organizado. Temos plena confiança nisto e acreditamos nas nossas autoridades estaduais recém-eleitas.
Defendemos altos salários para os professores, pois sem educação os países tornam-se incubadores da criminalidade. Mas a força repressiva e investigativa do Estado deve estar aparelhada, principalmente para os crimes de Estado, os chamados “white-collar-crime”, ou crimes do colarinho branco, isto é, os crimes da classe alta, os que mais esvaziam os cofres públicos no Brasil.
Quando se trata de votar aumento de subsídios para a classe política, apidamente são elevados os rendimentos da classe dirigente. Quando se fala no salário da base do estado, professores, profissionais da Saúde e policiais, há muito discurso e pouca ação.
As promessas dos atores da política são sempre as mesmas: “Saúde, Educação e Segurança!”. Por detrás desse discurso, na base do Estado, estão profissionais de alto valor moral e ético, que lutam com o suor do trabalho para viver e sobreviver. Não nos esqueçamos ainda dos trabalhadores da limpeza pública, que correm dezenas de quilômetros por dia recolhendo o lixo das cidades.
A hora da mudança é agora. Não se pode mais adiar o discurso da cidadania, da democracia, do Estado de Justiça Social. Para isto são necessários novos concursos públicos com salários condizentes com as
tarefas que se avizinham necessárias para a construção de uma sociedade realmente democrática.
Afinal, por quais razões pagamos os impostos?
*Claudio Henrique de Castro é advogado e professor de Direito