10:14O buraco do crack

A reportagem de hoje do jornal Gazeta do Povo sobre o consumo de crack  nas ruas triscou no problema (ver link abaixo). O buraco é muito mais embaixo. Como foi informado aqui, as cracolândias encravadas dentro das favelas e na periferia mais pobre da cidade, dentro de barracos controlados por traficantes, são como teias que atraem consumidores de todas as camadas sociais – inclusive do andar de cima. O estrago desta praga também pode ser dimensionado pelo número de viciados nesta droga que estão internados em clínicas particulares e públicas, pois hoje são a maioria. O número pessoas doentes (a dependência é uma doença incurável, mas com possibilidade de ser controlada) pode ser imaginada, pois apenas uma pequena parcela é internada, até porque o número de vagas disponíveis pelo SUS é pequeno e a diária de uma clínica particular é caríssima (chega a R$ 350/400 em algumas delas). Esta droga não está restrita às camadas mais pobres da população, como ainda se supõe e o consumo aberto nas ruas reforça a ideia. Pela quantidade de pessoas oriundas de famílias de classe média e alta que estão nas clínicas chega-se à conclusão que a quantidade de dependentes que estão se matando sem que a família saiba o que fazer é enorme – mesmo porque ainda existe o preconceito que faz com que elas, as famílias, tentem esconder o problema, colaborando, assim, para que o doente se afunde ainda mais neste caminho aparentemente sem volta.

http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1215670&tit=Consumo-e-venda-de-crack-se-espalham-por-Curitiba

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7 ideias sobre “O buraco do crack

  1. Velho de Guerra

    Concordo. Mas, uma coisa é o dependente (portador de uma doença, tratável etc) e outra é o traficante, esse é criminoso e merece um tratamento policial coercitivo. Esses criminosos propagam a doença e atuam diretamente juntos aos doentes ou não ? Há muita hipocrisia neste assunto. Somente com uma ação de polícia permanente neste locais é que haverá espaço para a atuação dos agentes de saúde, tentarem promover os tratamentos. de resto é conversa fiada…Em frente ao hotel bourbon sábado e domingo havia uma viatura do Bope e no Parolin ?

  2. Jango

    É expressionante (para adotar um termo muito apropiado desta coluna) como as ditas autoridades e a midia em geral não abordam, neste gravissimo tema, a peculiaridade da droga crack e a atuação dos traficantes e seus financiadores, vale dizer, dependência fulminante, a massa de drogados, a dregadação humana (senão a morte) e o flagelo social.

    Sem uma mudança da repressão específica a este tipo de tráfico que gera lucro certo e fabuloso por meio de uma droga avassaladora, atingindo segmentos importantes da sociedade num território que hoje abrange cerca de 80% dos municípios brasileiros, nenhuma contenção ou regressão será possível em face do problema.

    De onde vem a droga, que a produz, quem a distribui, quem a financia, onde estão os pontos de distribuição, enfim, “cui prodest scelus” ? Essa é pergunta básica e elementar na área criminal – a quem aproveita o crime.

    É preciso ir as fontes imediatas e mediatas deste flagelo humano e social, o resto é somente enfrentar as consequências, e pelas consequências não haverá hospitais, fiscalização, verbas públicas, ações oportunistas e discursos da politicagem em vésperas de eleições que consiga sequer equacionar o problema.

    Ao lermos todas as notícias correntemente publicadas parece haver uma velada despreocupação da sociedade e, principalmente das autoridades públicas, em exigir o enfrentamento das fontes imediatas e mediatas do problema, e dessa forma ficamos com as consequências cada vez mais terríveis.

  3. tony

    Mas por quê tanta preocupação? Um dos sacrossantos ministros da Suprema Corte disse que vai propor a legalização das drogas. Aí tá limpo, todo mundo se droga dentro da lei. Mas e os que quiserem deixar as drogas, vão ser deixados na mão pelo SUS? ACarlos

  4. xisburge

    Não se deve gastar um centavo para “curar” os dependentes do crack. A solução é a mesma pra poço de petroleo em chamas. Deixar explodir de uma vez.

    Explico: o governo cria a crackbras e fornece crack a vontade para quem quiser fumar, até que se mate.

    O custo vai ser irrisório, menos de 10 reais por mês por viciado, e por tempo limitado, já que crack mata em poucos meses. Em troca o usuário assina um termo de responsabilidade, e renuncia ao SUS para sempre!

    Vai acabar com o tráfico (ngm vai paga por algo livre), vai diminuir os gastos policiais com repressão inútil (ou alguém acha que se triplicar os policiais vai resolver alguma coisa?) e vai satisfazer os viciados.

    Assim poupam este dinheiro que seria gasto com “doentes” com pessoas realmente doentes, como meu vizinho, que nunca fumou, nunca bebeu, sempre pagou seu INSS em dia, trabalhando bem mais que as 8 hrs diárias, e agora teve o azar de descobrir uma tumor gigante no pulmão, e que ao procurar a rede pública de saúde, levou, primeiramente, 4 meses para um dos 6 médicos conseguir fazer o diagnóstico que era cancer, e depois oito meses para ele descobrir que o tratamento promovido pela valorosa rede publica, era para um tipo de tumor diferente do que fora diagnosticado pelos valorosos açogueiros do SUS. Ou seja, praticamente um ano de gente irresponsável acobertada pelo corporativismo do CRM brincando com sua vida e enquanto isso essa discussão babaca de achar que viciado é doente. Doente o k-c-t. todo mundo tá careca de saber os malefícios que o trinomio drogas-cigarro-alcool fazem. Existe PROERD, existe propaganda na TV, existe um zilhao de coisas alertando diariamente que é ruim, e muitas clínicas pra quem realmente quer se tratar. Agora querer enfiar tratamento às custas da saúde alheia, para quem não tá interessado? Quem traça este caminho, que arque com as conseqüências. Que vá para o inferno sozinho e não leve o restante da sociedade consigo.

  5. zebeto

    Com uma opinião tão fundamentada como essa, por que se esconde, xisburgue? Assine seu atestado de ignorância. Só rezo para que você ou alguém da sua família não fique “doente”. Se acontecer, procure ajuda. A doença é incurável, mas pode-se controlar. Burrice, no entanto, não tem cura e muito menos controle.

  6. xisburge

    Eu pelo contrário, admiro muito seu blog, e acho geralmente as suas opiniões muito inteligentes.

    Além disso, sinceramente espero que jamais tenha o desprazer de ficar enfermo e ser achinchalhado por um Sistema Único de Saúde tão desprezível, que trata as pessoas como animais (bem diferente do ex-presidente que tem tratamento de primeiro mundo).

    Apenas estou expressando minha opinião. Liberem as drogas. Fumem a vontade, se matem, e parem de gastar dinheiro públici no combate a uma coisa incombatível.

    Minha opinião pode parecer radical, mas é fundamentada no fato que o combate as drogas é enxugar gelo. Se nos Estados Unidos existem 20 milhões de dependentes, com todo o aparato de defesa que eles tem, e não conseguem coibir nem de perto o uso, por que o Brasil, que tem uma fronteira que parece um queijo suiço, vai querer combater?

    Como eu disse, podem triplicar o número de policiais, que vai continuar igual.

    E quanto mais repressão, mais os traficantes ganham dinheiro, e mais se armam, e mais os usuários roubam pra sustentar o vício, mais gente na cadeia e mais dinheiro publico vai para o ralo com essa roda infinita.

    No fim das contas, morre mais gente pela própria indústria do tráfico do que pelo consumo.

    E quem tá ganhando dinheiro com isso? Advogados e traficantes. Só.

    E meu vizinho correndo sério risco de vida pq falta dinheiro pra pagar um médico que preste, enquanto vão errando o diagnóstico dele.

  7. zebeto

    xisburge, talvez eu tenha exagerado nos termos. é que já passei pelo inferno e lido com meus amigos dependentes desde então. publiquei sua opinião porque é sua opinião. a minha é aquela. abraço. saúde.

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