21:43HORÓSCOPO

por Zé da Silva

Leão

Paisagem de cartão postal. Coqueiros na dança do vento. O mar que não tem tamanho. Sombras de nuvens como manchas no verde. Sol. Aquelas pedras… o fizeram imitar Chacrinha no enquadramento cinematográfico com as mãos. Aquela piscina natural… Uma pequena área clara no fundo. Areia. Ele em pé sentindo o ir e vir da água provocado pela ondas que arrebentavam mais à frente, numa parede protetora. Peixinho azul brilhante ele viu. E ficou paralisado dentro da máscara. O ar entrava pelo tubo como prova de que existia um outro mundo. O nosso. E o peixinho dava volta lépido – e voltava para o lugar. Aí veio um maior e o assustou. Ao mesmo tempo uma onda mais forte arrastou o curioso. E levou sua testa direto para uma ponta de pedra submersa. O sangue manchou o visor. Lembrou cena de Inverno de Sangue em Veneza. Pensou em Verão de Sangue no Buraco da Vila. Ficou tonto. Saiu. Estava feliz. Alguém gritou quando o viu caminhar pela areia. Ele então desmaiou. No fim de uma semana de folga sem cartão postal.

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