8:07Trabalho temporário, horror permanente

História curitibana relatada por amigo do blog:

Minha filha preocupada em me ajudar a pagar a faculdade aceitou trabalhar em um shopping famoso da cidade, o mais antigo, numa loja não menos famosa, de malharia catarinense, que tem filiais em todo o país. Contrato temporário feito, com metas apavorantes a serem cumpridas, pois a comissão é boa. O acerto é trabalhar das 14h às 24h, já excedendo o horário normal, mas é final de ano, ganha-se mais e todos aceitam. Acontece que não é bem isso que acontece,  e muitos dos iniciantes desistem e perdem suas comissões. A arapuca funciona assim: se o funcionário cumprir a meta, ganha um salário melhor; se não cumprir, algo em torno de R$ 700,00. O funcionário vai, vende, mas na hora de sair fica retido para arrumar a loja para o pessoal que entra às 10h. Resultado: chega em casa as 2h, 3h da madrugada. Problemas de saúde, como digestivos, resfriados e mal estar constante são constantes. Aí bate o desespero, pois quem desiste não recebe a proporção a mais pelo que vendeu. Ou seja, faltando pouco para atingir a cota, eles perdem tudo. Não recebem hora extra, não têm banco de horas, os horários não são cumpridos – e isso só acontece na tal loja do tal shopping de Curitiba. Nas demais da rede horário é horário. Há o pagamento de R$ 5,00 a mais por horário dobrado, que é uma ajuda para o excesso de carga de trabalho. Ainda existe cota de água. Isso mesmo! Se acaba a água para beber, os funcionários ficam na seca. Os copos plásticos precisam ser reutilizados e o ar condicionado muitas vezes é desligado.

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8 ideias sobre “Trabalho temporário, horror permanente

  1. Motoqueiro Infernal !!!

    Ora, ora, ora… meus amigos curitibocas… alguém já ouviu falar no Ministério do Trabalho… lá tem um local certinho para oficializar denúncias…

  2. Marco Kzomba

    Sempre foi assim…
    Fiscalização neles!!
    Mas será que o MT vai conseguir, pois a AC e o sindicato patronal dos grandes empresários do ramo comercial e shopping não vão gostar.

  3. Coronel Perseu Jacutingassa

    Caro Zé Beto.

    Esse é o modo antigo de administrar o comércio: coação moral, pressão psicológica extrema e remuneração baixa.

    Ao ler o texto, lembrei de estabelecimentos atuais e antigos que tinham essa mesma “filosofia” de pressão: Hermes Macedo, Fedato Esportes, lojas de vestuário masculino etc. Não por coincidência essas lojas antigas fecharam.

    Sinceramente, já deixei de entrar em algumas lojas só por saber que os vendedores “perderiam a vez” caso eu não comprasse nada. Prefiro lojas que deixam o cliente mais à vontade, com algum vendedor por perto para auxiliar. Sem pressão, sem cara feia se não comprar nada, sem melindres.
    Essa loja do texto, inclusive, eu não entro mais.

    Uma tia minha trabalhava na antiga Casa Feres da Tiradentes. O que ela conta é de fazer cair o queixo (por exemplo, limitação de vezes para ir ao banheiro);

    Nessas épocas de Natal então.. Eu queria saber se obrigar os funcionários a usar uma ridúicula toquinha de papai noel aumenta em UM CENTAVO as vendas…

    Uma vez, numa loja francesa de materiais de construção e bricolagem, me indignei porque um gênio achou que obrigando os funcionários a usarem fantasias folclóricas aumentaria as vendas. Senti tristeza ao ver senhores e senhoras pais de família constrangidos com uma roupa colorida de odalisca ou uma bermuda com suspensório…

    Há maneiras e maneiras de motivar pessoas. mas aí precisa pensar, interagir, entender. É mais fácil ameaçar e apontar para a fila de candidatos lá fora…

    É uma pena que ainda hoje existam gerentes com esse pensamento retrógrado. Estão condenados a um constante revezamento de funcionários. Eles não entendem de pessoas nem de resultados.

    Minha solidariedade à moça e a todos os trabalhadores que são humilhados no dia a dia. Sugiro que se faça isso mesmo que esse pai fez: divulgar e nós, os indignados, que passemos longe de estabelecimentos como esses.

  4. tony

    O shoppinga famoso não tem culpa se tem empresário picareta lá. E concordando com os demais, a Justiça do Trabalho existe para fazer justiça aos que se consideram injustiçados. O resto é choradeira. ACarlos

  5. Kowalski

    Isso é miopia mercadológica, achar que lojas que vendem esse tipo de produto precisam de funcionários para empurrar a mercadoria goela a baixo do cliente. Lojas com bom mix de produtos, preços compatíveis com o público-alvo, opções de financiamento, bom layout etc., não precisam apelar. Infelizmente, muitos gestores, ou melhor, “doutores”, não passam de capatazes, ou o que se chamava antigamente… feitores! Não fazem a coisa certa, mas esperam compensar isso explorando quem precisa trabalhar!

  6. jeremias

    Gostei do texto do Coronel.
    Disse tudo.

    Também procuro não comprar nada de empresas que obrigam seus funcionários a “dar o sangue”.

  7. Frik

    Tudo muito bonito , muito bem articulado … mas, francamente: “faz parte” -: as opções válidas não vão eliminar o ‘problema’ (se fosse um grande problema num país em que a infância e adolescência são ‘protegidos’ dos empresários malvados que visam só o lucro acima de tudo (outro estereótipo…) : Mesmos empresários que, se forem pequenos ou micro- (sem escolta e carro blindado etc) podem ser fuzilados sumariamente nas ruas sem a menor perspectiva de se punir os “justiceiros” …

    As opções saõ : (a) Upgrade social – estudo, articulação etc.
    (b) Fazer carreira dentro da mesma empresa e se tornar um dia Capataz ou Gerente de novas levas de ‘coitadinhos’
    (c) Se tornar empreendedor e viver na prática o “outro lado”

    (Algumas das melhores: Existem outras, é claro – uma das mais constrangedoras é cruzar os braços e deixar a solução para a família … Infelizmente muitos jovens preferem esta opção – então: Nunca é demais aplaudir e elogiar um(a) jovem que se dispõe a trabalhar…)

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