de Manoel Carlos Karam
Todo soldado gostava de ser chamado de guerreiro. Quando descobrimos isto, nosso desempenho na guerra contra os taedos foi impressionante, nunca se viu tanto heroísmo em busca do título de guerreiro. O soldado passava a ser chamado Guerreiro Fulano, Guerreiro Sicrano, Guerreiro Beltrano, Guerreiro de Tal. O nome aparecia assim no jornal, na voz do âncora do telejornal, na emoção do narrador de rádio, no discurso que precedia a cerimônia da medalha, no telegrama para a família e no túmulo. O crime organizado não deixou passar uma história tão boa. A polícia registrou muitos casos de simonia. A compra e venda do título de guerreiro era ocorrência de todo dia, a própria polícia chegou a negociar alguns. Naquela época, a expressão Guerreiro de Bosta também era muito usada.