11:07Nico, adeus

A notícia me pegou numa esquina, como era o bar dele. Telefonaram para dizer que o Nico morreu. O Nico comandava o primeiro bar/armazém que frequentei nessa cidade, ano 1978. Era perfeito, porque quase ao lado da primeira casa, no Jardim Social. Há quarenta anos está ali, na esquina das ruas Alexandre de Gusmão com Ewaldo Schiebler. Morei cinco anos nas imediações, saí, rodei a cidade e um município vizinho, mas sempre voltei. Para cumprimentar o Nico, cujo identidade informava ser Altevir João Bellé, e Dirceu, seu braço direito, que só é chamado de Izidoro – essas coisas de boteco frequentado principalmente pelos aposentados do trabalho, jamais da vida. O Nico ganhava a gente até na aparência, pois era miúdo, magro, cabelos rareando no cocoruto e um bigodinho fino que fazia lembrar aqueles figurantes em grandes produções cinematográficas. O Nico, porém, era a estrela do pedaço, porque simples demais, calmo demais e, principalmente, porque amava o que fazia – servir donas de casa e gente que está encostada naquele balcão tomando umas e muitas outras desde os tempos do Onça. Ele não esquentava nem quando seu Colorado, depois Paraná Clube, perdia. Também não tirava sarro quando o time dele debulhava o Atlético e o Coritiba. O Nico era aquele cara que vivia a normalidade com o maior prazer, coisa que nós outros sempre sonhamos. Por isso sempre aparecemos por lá. Para aprender um pouco. Telefonaram para dizer que ele se foi. Foi não! Ele está lá – e sempre que puder, vou lá, no Nico. Amém

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3 ideias sobre “Nico, adeus

  1. Fabiola

    Nasci, cresci e voltei a morar no Jardim Social e desde que me conheço por gente passo na frente do Nico, que fica na rua em que minha mãe mora até hoje. Não soube do falecimento dele, mas tinha mesmo estranhado o bar fechado no sábado. Não vou dizer que adoro aqueles carros todos atrapalhando a passagem, mas o Nico era uma instituição do bairro. Gostava de ver o contraste daquele botequinho e seus frequentadores plantado no meio das casas grandes, com seus moradores de nariz empinado. É como se um pedaço do bairro morresse junto.

  2. Ana Helena

    Belas palavras que assim como os exemplos que meu pai deixou, ficarão guardadas para sempre no coração!
    Obrigada gente!

  3. Viviane

    A família toda do SEU NICO é assim sabem como cativar, são ótimos amigos e companheiros.

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