15:30O desafio da mobilidade multimodal

por Cléver Almeida*

Garantir a mobilidade urbana de forma segura e ordenada é, certamente, um dos maiores desafios das grandes cidades para os próximos anos. Com o mundo beirando a 7 bilhões de habitantes, estima-se que, até o ano de 2050, 70% da população esteja vivendo em áreas urbanas. Nesse cenário, cabe a quem planeja as cidades adequar o espaço urbano e garantir o ir e vir seguro dos cidadãos.
 
Em Curitiba, são 432 quilômetros quadrados de área. É espaço dividido por quase 1,8 milhão de moradores e compartilhado por mais 1,2 milhão de pessoas que vivem nos municípios da região metropolitana. Na equação para a mobilidade curitibana entra ainda um número relevante: o índice de motorização da cidade. Temos a maior frota de veículos por habitante entre as capitais brasileiras. Segundo o Detran, já passamos de 1.240.632 veículos circulando pelas ruas de Curitiba.
 
A tendência mundial para equacionar o ir e vir nas grandes cidades aponta para a multimodalidade. Em Curitiba, não apostamos em um único modo de deslocamento. A cidade que fez história pela integração do transporte e tarifa única planeja o dia a dia com vistas ao futuro. Perseguimos um sistema integrado de mobilidade, com espaços para pedestres, infraestrutura cicloviária, transporte público de qualidade, vias para o trânsito de carros e de motocicletas.
 
Dentro desse sistema está o Anel Viário de Curitiba, revitalizando 25 quilômetros de ruas e 50 quilômetros de calçadas que formam um anel poligonal em binário de tráfego nos bairros ao redor do Centro de Curitiba. A acessibilidade nas calçadas é premissa básica nas obras viárias executadas pela prefeitura nos últimos sete anos.
 
Quando se fala em planejamento de cidades não basta ser pioneiro. É necessário inovar sempre. Curitiba implantou ciclovias, tem hoje a segunda maior malha cicloviária entre as capitais do Brasil, com cerca de 120 quilômetros.
 
Essa rede conecta a cidade passando pelos parques e liga Curitiba de norte a sul, leste a oeste, sendo uma opção para o ciclista que usa sua bicicleta não apenas para o lazer. No Ippuc, desenvolvemos o Plano Diretor Cicloviário, que aumentará em até 400 quilômetros a rede de infraestrutura para descolamentos com bicicletas.
 
Em defesa da multimodalidade o prefeito Luciano Ducci determinou a inclusão de um fórum para ciclomobilidade no Conselho da Cidade de Curitiba (Concitiba). A prefeitura também criou a Ciclofaixa de Lazer para integrar e despertar a consciência de pedestres e motoristas sobre a necessidade de compartilhar os espaços e entender a bicicleta como veículo de transporte.
 
A Ciclofaixa de Lazer é uma demonstração de que a mobilidade não pode estar desconectada dos propósitos do planejamento urbano, pois com essa ação conseguimos também levar pessoas para ocuparem uma parte da cidade que fica vazia nos fins de semana.
 
A primeira cidade do país a implantar o sistema de transporte em canaletas exclusivas, continua investindo no transporte público. Este ano colocamos em funcionamento o Ligeirão, maior ônibus do mundo que transporta de forma rápida 250 passageiros em cada veículo. Estamos trazendo o Hibribus para o transporte coletivo, ônibus movido simultaneamente a biodiesel e energia elétrica. Além de confortável e silencioso, o Hibribus é menos poluente.
 
Temos tarifa integrada para os passageiros do transporte coletivo, e o metrô curitibano já nascerá integrado a essa Rede de Transporte e também à bicicleta nas estações e na superfície. A canaleta por onde hoje passam os ônibus será transformada em uma grande ciclovia e área de convivência de pedestres.
 
A cidade segue inovando, aperfeiçoando. Da vanguarda dos ônibus em pistas exclusivas, que levaram os biarticulados para o mundo, do pioneirismo nas ciclovias, das estações-tubo, ao novo eixo de desenvolvimento da Linha Verde, aos investimentos na ciclomobilidade e ao metrô que está chegando. A cidade que planeja trabalha no presente para vencer os desafios futuros. O dia a dia de Curitiba se faz com projetos e obras que têm como foco o cidadão curitibano.
 
*Cléver Almeida é presidente do Ippuc – Artigo publicado na edição de hoje do jornal Gazeta do Povo

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2 ideias sobre “O desafio da mobilidade multimodal

  1. tony

    A saída curitibana não passa só por baixo da terra, com o metrô, que não pode ficar só nos primeiros 14 km. Ela passa pelo uso mais intensivo do transporte coletivo. Menos carros nas ruas e mais ônibus, aí a bicicleta é muito bem vinda. Mas fiquemos bem alertas, não caiamos na ilusão dos carros elétricos, que se adotados , só piorarão o que já está ruim. ACarlos

  2. Pedreiro

    Para melhorar mesmo o Executivo, Legislativo e Judiciário poderiam dar o exemplo! Imagine! (Sorry John Lennon) Todo mundo indo trabalhar de ônibus ou bicicleta?
    Te garanto que iria funcionar como uma beleza!

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