17:00Sensações e sentidos

de Ticiana Vasconcelos Silva

O vento sopra macio na manhã que se aproxima e o silêncio das estrelas cede espaço ao inocente cantar dos pássaros. O jardim bem cuidado se deleita no vagaroso raiar da luz e espalha seus perfumes e aromas pela atmosfera sonolenta. As formas se redefinem, as cores saltam aos olhos, os sons transbordam pelas paredes das casas, dos carros e dos lábios cerrados. O aroma do café se mistura à tinta do jornal e o gosto do pão entra pelas narinas e se torna apenas uma lembrança de um momento de comunhão. Os sinos anunciam as horas sagradas enquanto dois corpos se tocam e se reconhecem no sentido da vida. Os matizes do céu se vestem de azul e o calor do meio-dia faz saltar vida pelos poros e, até o crepúsculo ruidoso nas cidades, as imagens captadas se tornam um caleidoscópio na consciência adormecida. A noite se anuncia soberana, pois é a rainha da paz e do silêncio. Vestida de um profundo e infinito véu azul, bordado de brilhantes diamantes, protege aqueles que sentem na boca, na pele e no sangue o doce mel do amor. A semente e as raízes descansam na terra umedecida pelo hálito das minúsculas partículas suspensas no ar e se preparam para mais um passo em seu caminho. Amanhece… e o sol desvela todo o mistério: tudo tem sentido.

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