17:06O clã

Do portal Brasil 247 (www.brasil247.com.br):

Clã Richa busca a hegemonia no Paraná  
Governador Beto Richa já nomeou a mulher Fernanda e o irmão Pepe para secretarias vitais, enquanto prepara o filho Marcello para ser prefeito de Curitiba; a política ancorada no sobrenome do pai lembra o Maranhão de Sarney

O Paraná não é o Maranhão, mas, aos poucos, o sobrenome Richa começa a se tornar tão onipresente na terra das araucárias quanto é Sarney no seu mundo particular. Beto Richa, governador tucano que conta com quase 70% de aprovação popular, conseguiu emplacar em postos chave do governo paranaense nada menos que sua mulher Fernanda e seu irmão José “Pepe” Richa. Segundo a oposição, a família, que é herdeira do prestígio do velho José Richa, líder do antigo MDB e depois fundador do PSDB, controla 80% do orçamento paranaense. De acordo com os tucanos, no entanto, Fernanda e Pepe administram verbas de R$ 602 milhões, que representariam 2,39% do orçamento total. Ainda assim, é bastante dinheiro em mãos de um clã que trata a política como assunto de família.

Fernanda, filha de um dos fundadores do Bamerindus, banco que quebrou durante o Plano Real, é Secretária de Assistência Social e responsável pela gestão de programas federais no Paraná, como o Brasil sem Miséria. Pepe responde pela secretaria de Infraestrutura e Logística, que cuida de portos, estradas e aeroportos. Ou seja: enquanto o irmão administra grandes obras e a relação com as empreiteiras, a esposa cuida da assistência social. E Beto pode se dedicar à política, num momento em que há certa fadiga com as lideranças tradicionais do PSDB, como José Serra e Aécio Neves. O Paraná nunca fez presidenciáveis, mas Beto sonha em ser uma alternativa em 2018, depois de dois possíveis mandatos como governador.

Se isso não bastasse, Beto e Fernanda também preparam o filho primogênito Marcello, de 25 anos, para a política. Na prefeitura de Curitiba, ocupada por Luciano Ducci, mas comandada na prática pela família Richa, Marcelo ganhou a Secretaria Municipal do Esporte, Lazer e Juventude. Beto, a princípio foi contra, mas Fernanda fez questão de colocar o filho no caminho da política. E hoje Marcello é também presidente da juventude do PSDB. Em Curitiba, 27% da população, de 1,8 milhão de pessoas, tem entre 15 e 29 anos de idade. Administrando programas ligados à cultura e ao esporte, Marcello deve se cacifar para ser candidato a prefeito de Curitiba em 2016 – no ano que vem, a família fará de tudo para garantir a reeleição de Ducci, do PSB. E, se este vencer, Marcello poderá migrar para uma secretaria com ainda mais visibilidade.

O prestígio de Richa

Em 2004, quando se elegeu prefeito de Curitiba pela primeira vez, Beto se emocionou ao lembrar o pai, que havia morrido um ano antes e não chegou a ver o filho chegar ao poder. José Richa enxergava no primogênito “Pepe” um talento natural para a política, mas foi Beto quem sobressaiu.

No começo da carreira, o principal ativo dos irmãos era o sobrenome. José Richa, político carismático, foi um dos grandes amigos pessoais de lideranças tucanas, como Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Mario Covas. Era talvez o político mais próximo do núcleo duro tucano, fora de São Paulo. Depois disso, no entanto, Beto construiu seu próprio caminho e, como prefeito de Curitiba, metrópole que é a principal trincheira dos Richa, recebeu boas avaliações do eleitorado.

Eleição decisiva

Confirmar o domínio de Curitiba é parte essencial do projeto político da família Richa. E a capital paranaense terá uma das eleições mais importantes do País. De um lado, Luciano Ducci, com apoio maciço da máquina estadual. De outro, o ex-tucano Gustavo Fruet, que ingressou no PDT, e será candidato com apoio do PT – um apoio que inclui até o casal de ministros paranaenses Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann, uma vez que ela será a adversária de Beto Richa em 2014, na disputa para o governo estadual.

Recentemente, todos estiveram lado a lado, quando a presidente Dilma Rousseff foi ao Paraná lançar o projeto do metrô de Curitiba. Beto foi tratado de maneira extremamente calorosa pela presidente, mas sua equipe cometeu um deslize, na transmissão da cerimônia, ao cortar o discurso de Dilma – o que estremeceu a relação entre o governo do Paraná e o governo federal.

Foi apenas um primeiro sinal de que a guerra será intensa nos próximos meses.

Compartilhe

7 ideias sobre “O clã

  1. claudia

    se beto for governador em 2016, marcello não pode ser candidato, a legislação não permite.

  2. Parreiras Rodrigues

    Nem é preciso ler entrelinhas. Desmascarada autofagia. Tão própria do Paraná como as quatro estações num dia da sua capital.

  3. Didi Mocó

    Essa terra despolitizada virará uma Sarneilandia, uma Betolância, uma terra de valores vazios, com a hegemonia da incompetência que se iniciou com o Lernismo.

  4. Silas

    Como ja registrei varias vezes aqui: O Parana eh o Maranhao do sul…As oligarquias aqui prosperam. Nao eh a toa que somos o penultimo estado da federacao a receber os repasses federais…o PENULTIMO ESTADO…estamos eh fud…em todos os niveis aqui. municipal, estadual e federal…oooo povinho pra escolher mal os politicos, hein????

  5. Silas

    A proposito: Bem poucos “jornalistas” aqui na provincia teria culhoes pra escrever o excelente texto acima.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.