por Célio Heitor Guimarães

Estivéssemos na China, na Coréia ou em Cuba e o comunista Orlando Silva Júnior já teria ido para o paredão. Pouca gente tem prestado tão maus serviços à causa de Lênin quanto o atual ministro do Esporte do Brasil. Se maldosos fôssemos, poderíamos até supor tratar-se de um agente da CIA norte-
americana infiltrado no genérico do partidão para fazer o estrago que está fazendo na causa comunista. Coisa de louco!

O homem sucedeu outro então comunista do Brasil de carteirinha, hoje nas hostes petistas, o atual governador de Brasília, Agnelo Queiroz, quando, dizem, a farra começou. Foi diretor-geral do ministério durante a gestão Queiroz e assinou os primeiros “convênios” com as ONGs do policial militar João Dias
Ferreira, também membro do PCdoB.

Há quem diga que a pasta do Esporte, com Agnelo e Silva, passou a ser território do PCdoB. Filiados do partidinho eram orientados a formar organizações não-governamentais (sem fins lucrativos) para desfrutar de convênios com o governo federal. Só o seo Orlando distribuiu, no ano passado, R$ 30 milhões aos correligionários. Tudo para incentivar a prática de esportes junto às populações mais carentes. Ocorre que as ONGs eram apenas de fachada, funcionavam em locais inexistentes, e a prática passou a ser outra.

João Dias já andava com o nome sujo na praça. Um dia, segundo conta, foi convocado ao 7º andar do edifício do Ministério do Esporte, onde funciona o gabinete de Orlando Jr.. Lá teria recebido a proposta de calar a boca sobre os desvios das verbas do programa Segundo Tempo, em troca da limpeza de sua
ficha. Algo, porém, não deu certo – o que sempre acontece em acordos entre quadrilhas – e Dias (que também não é aquele cantor do tempo do homônimo do ministro, o ídolo “das multidões”) pôs a boca no mundo. Falou ao Estadão, à Veja, à Rede Globo, aos deputados da oposição e, agora, à Polícia Federal.

O ministro, claro, refutou as acusações, chamou o denunciante de “criminoso”, “desqualificado” e “bandido”, e afirmou estar sendo submetido a um autêntico “tribunal de exceção”, à moda do Tribunal de Nuremberg, que julgou os nazistas após a II Guerra Mundial. Mas não explicou porque liberou dinheiro para o “criminoso”, “desqualificado” e “bandido”. Depois, ele se disse um homem pobre, cujo único bem que possui é um terreno em Campinas, SP, comprado no ano passado por R$ 370 mil. Mas não disse que esse terreno, por onde passam dutos da Petrobras, poderá ser desapropriado pelo poder público
e render-lhe uma belíssima indenização.

A “presidenta” Dilma, desde o continente africano, por enquanto confere a Orlando Silva Jr. o benefício da dúvida. Como se diria no mundo esportivo, “ele está prestigiado”. Mas os fatos não o favorecem. Ao contrário. Segundo outraong,  A Contas Abertas, especializada na fiscalização da aplicação do dinheiro
público, o Ministério do Esporte tem, pelo menos, convênio com 4 ONGs ligadas ao PCdoB e pelo menos uma delas, a Pra Frente Brasil, é suspeita de desvio de recursos do erário, pelo Ministério Público de São Paulo.

O ex-policial e ex-comunista João Dias Ferreira, algoz de Silva Jr., por sua vez, só na garagem de sua residência, em Sobradinho, DF, guarda cinco carros de luxo, entre eles uma BMW conversível, um Camaro 2011 e um Volvo C30, que, juntos, valem cerca de R$ 700 mil. Seriam produtos do trabalho de difusão de esportes em comunidades carentes para o Ministério do seo Orlando… Que diriam o velho Lênin ou o centenário Niemeyer?

Aliás, as tais ONGs têm estado presentes em quase todas as últimas denúncias de corrupção na administração pública, como recentemente no Ministério do Turismo e nas prefeituras de Curitiba e de Londrina, aqui no Paraná.

E o mais grave de tudo é que, enquanto o baile continua, o Estado não tem estrutura para cuidar disso. Aliás, segundo o secretário-geral do Contas Abertas, Gil Castello Branco, ontem na Gazeta, “o governo já perdeu o controle”.

Pior é se não perdeu, mas o está fazendo de forma canalha.