O deputado estadual Valdir Rossoni (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, vai implodir o decreto legislativo de 1992 que dobrava os vencimentos de quem ocupa o cargo. Fez isso, contudo, só depois que a Gazeta do Povo escancarou o fato em reportagem publicada ontem. Todos os presidentes anteriores recebiam as gratificações, mas Rossoni está numa cruzada de moralização do Legislativo, que empalmou depois da podridão que veio à tona com o escândalo dos “Diários Secretos”, e bobeou ao não cortar o dinheiro que engordou seus vencimentos logo que assumiu em fevereiro. Achou que era justo e legal, tanto que tentou estender o benefício ao seu primeiro secretário, Plauto Miró, por uma questão que ele achava ser justa pelo trabalho desenvolvido pelo deputado. Foi aí que a coisa explodiu porque pela lei isso não seria possível e a notícia vazou. Rossoni foi rápido no gatilho. Disse ontem em entrevista que vai cortar na carne porque não quer que nenhum fato possa colocar em dúvida o que já fez e pretende fazer para limpar a Assembleia. Antes tarde do que nunca. Rossoni sabe que mil olhos dentro da Casa querendo seu pescoço por medidas que tomou. A das aposentadorias, por exemplo, é uma delas – e em breve haverá novidades a respeito. Devia ter pensado nisso quando recebeu o primeiro contracheque com o total de R$ 4o mil. Agora ele joga firme no mote de que ser o primeiro presidente de Assembleia a fazer isso, pois sabe-se que a prática é comum no resto do Brasil. Resta saber se na província a decisão tomada ontem vinga. Valdir Rossoni precisa disso, mesmo porque tomou um caminho sem volta ao assumir a responsabilidade de, pelo menos, deixar um pouco mais claro o que se passa ali dentro. Os vencimentos do presidente, por exemplo, estavam na sombra, escorados por um decreto legislativo. A luz do noticiário novamente fez um bem danado.