21:16A primeira maratona, em relato quilométrico

por Aristides Outeiral Hoeffel IV, o “Tidinho

1.679 homens largaram para este desafio que eu sabia que seria grande, mas não imaginava o quanto. Largada as 07:00, ao lado da prefeitura, com o palácio do Governo ao fundo (sensação boa, ficar com a bunda virada para aquela bosta toda, rsrsrsrsrsrs) empolgação era grande, música, gente animada… Aqui tudo ainda era festa… O primeiro KM foi uma exploração, o que se vê de gente diferente é maluquice, muito legal, ver aquela gente toda, cada um do seu jeito, com um objetivo em comum, quem dera outras coisas também fossem assim aqui no Brasil… Os KMs seguintes pareciam um passeio, R. Mateus Leme, sentido Ahú, na subida da rua da OAB até pensei em ir visitar o Kico, porra, subidinha pé no saco, pensava: “nem 5Km ainda, o que estou fazendo aqui”, mas passou, uns minutos depois e passava pelo Museu do Olho, logo a Candido de Abreu novamente e a multidão já não era mais a mesma… Blocos começavam a se formar… Passamos pela Catedral, pouco mais de 8Km de prova nesse ponto… Descemos rumo a Desembargador Motta… Aqui vimos os malucos que ainda estavam bebendo as ultimas da noite de sábado, um deles gritava: “Vao para casa, dormir, comer, beber… Que perca de tempo”… Mais risadas do pessoal que corria…Ao chegar na esquina da Desembargador Motta com a Carlos de Carvalho mais um momento hilário, um grupo de 10 ou 12 moças, com roupas provocativas, saltos altos, acredito que eram profissionais, do sexo, kkkk, e aí pronto, milhares de homens passando e elas ali ao lado, pronto, gritaria, convites malucos da galera que corria, uma bagunça…

Do Km 11 até o KM 14 (mais ou menos) a Avenida Sete de Setembro, com uma subida longa e tranqüila no começo e uma descida maravilhosa até o chafariz… Ali uma coisa muito legal, uma banda tocava músicas de natal, toda composta por senhores que julgo terem por volta de 70 anos… Os que podiam acenavam e davam largos sorrisos para os corredores… Um combustível a mais para todos… Descemos a Artur Bernardes até chegar na rápida do Portão, sentido CIC, e quando percebi já estava no Terminal do Pinheirinho, KM20, quase metade da prova… Pensei: “Uau, até aqui tudo dentro do esperado”… Retorno pela Av. Republica Argentina e logo viramos para a rápida novamente, só que agora sentido centro… muitas subidas e descidas nesse ponto, algo que complicava um pouco para manter o ritmo… Shoppin Palladium, descida, subida, descida, subida e logo chegamos na Brasilio Itiberê, trecho chato, uma reta sem fim.. Ao chegar na Marechal Floriano, sabia que estaria no KM28, 2/3 da prova já tinham passado e até ali tudo bem, muita água, gel de carboidrato, balas de sal, etc, etc.. A entrega da água merece uma observação, eram escoteiros que entregavam, pareciam estar competindo também, mas para ver qual deles entregava mais água aos corredores, um barato.. “Tio pega comigo, por favor!!!”, “A minha está mais gelada”… Alguns liam o nome dos corredores abaixo do número de peito e gritavam: “Aristides, essa é especial para você”.. mais risadas… Voltando a prova, faltavam “apenas” 14Km, um terço de prova ainda pela frente… 09:30 da manhã e aqui o tempo abriu… O sol estava muito forte, depois de 28Km, cansaço batendo, pernas começando a doer, estava me sentindo em um deserto… Ali percebi que a prova começaria… Consegui manter o ritmo, apesar dos viadutos que pareciam, a esta altura, paredões a serem escalados… Ao sair da Marechal, Km34 mais ou menos, seguimos sentido Prado Velho, não sei qual o nome da rua, mas aqui me senti bem novamente, uma rua super arborizada, com muita sombra para dar uma aliviada na temperatura. Logo passei o Teatro Paiol, Km 35 e pensei: “caramba, faltam só 7Km, que maravilha”, mas o pior estava por vir… Conselheiro Laurindo e depois novamente ao “deserto”, Rua Dario Lopes, passa por trás da Rodoferroviária, aqui uma cena muito atípica, poderia até dizer engraçada.. Ali tem um muro muito alto, que se não me engano é do estádio do Paraná. Este muro formava um filete de sombra de aproximandamente uns 40cm, era uma cena de filme ver os corredores se enfileirando ali para aproveitar aquela mínima faixa “de conforto”… Passamos então por baixo do Viaduto do Capanema, seguimos uns 500m, passamos por algumas ruas menores e logo após fazer uma curva para a direita me deparei com o Viaduto do Capanema novamente, mas desta vez era por ele que iria passar…Estava chegando no KM37, encarei numa boa, diminui o ritmo, mas passei bem, logo depois uma breve descida e uma subida de quebrar que nos levaria até a Rua Sete de abril, aqui vi muita gente bufando, andando, mas para minha surpresa (sim, a esta altura, tudo já era surpresa para mim) passei bem, Rua Sete de Abril uma breve passada pela Almirante Tamandaré e logo entrava na Visconde de Guarapuava, aquela descida bem no comecinho dela me traiu, para segurar o ritmo e não embalar demais na descida acabei fazendo bastante força, mas aqui ou fazia força para não embalar ou embalava demais e caía, porque neste ponto já estava bem difícil controlar as pernas. Colegas de treino sempre diziam: “Não se assuste se de uma hora para outra se sentir como se tivesse sido desligado da tomada”, neste momento comecei a entender o que eles queriam dizer… Ao entrar na Dr. Faivre agradeci a volta da sombra, mas as coxas queimavam, as paturrilhas pareciam estar tremendo e os pés pareciam querer evitar o contato com o chão na próxima passada… Ao diminuir um pouco o ritmo para pegar um copo de água eu simplesmente travei… Da cintura para baixo tinha câimbras em todos os cantos… Cheguei até o meio fio, apoiei a ponta dos pés e tentei alongar… essa era a única posição que eu conseguia ficar naquele momento.. foram 2 minutos sem me mexer… tentei sair uma vez e as câimbras voltaram, voltei a alongar… na segunda tentativa consegui andar e aí a briga era entre cabeça e corpo, faltavam apenas 2Km, não tinha como parar e abandonar… Segui em frente, trotando e aos poucos as pernas foram relaxando mais, logo vi o Circulo Militar e me dei conta do quão pouco faltava, Passeio Publico, subidinha rápida e chegava a Candido de Abreu novamente. A chegada lá ao fundo e nessa hora dividi a maratona final da seguinte forma: 1. Praça do Homen Nu, 2. Shopping Muller, 3. Proximo Sinaleiro, 4. Próximo Sinaleiro, 5. Rotatória, 6. Chegada… Vocês podem não acreditar, mas cada etapa dessas que eu criei parecia uma batalha sem fim. Ao entrar no funil de chegada recebi a energia que me faltava a 2Km, vi a Isa e a Gabi na arquibancada, era o estímulo que precisava, ainda deu para pegar a Gabi no colo e cruzar a linha de chegada com sorriso no rosto e a sensação do objetivo cumprido…

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13 ideias sobre “A primeira maratona, em relato quilométrico

  1. orlando

    Muito legal. Vossa historia retrata o quao interessante é praticar o esporte e se beneficiar da vivencia do cotidiano visto pelo lado do esportista – amador ou profisisonal, visao esta diferenciada por alguem que objetiva simplesmente o bem estar – seu e porque nao, da coletividade já que o impera no esporte de corrida é a sinergia de todos e do lugar onde vive. abraços

  2. Roberto Japa

    Hehehehehe…demais!
    Parabéns!

    (agora para de correr na segunda para correr mais no futebol!)

  3. Derico

    Sempre acreditei que quem corre pelo que quer não se cansa! Hoje, Sr Tidinho, fez com que repensasse meu conceito.

    Parabéns e obrigado por compartilhar a experiência neste artigo!
    Abrax

  4. Adriano Merigli

    Muito legal o texto… Parabéns pela prova e até o Iron 2012 ainda temos muitas destas para completar ! kkkk Abraço

  5. Ivan Hirata

    Maaaaassa véi!! Parabens mesmo!

    Cansei só de ler hehehe bora tomar uma gelada agora!!

    Abracao!

  6. Rosane Gemael Hoefel

    Tidinho ,voce é demais ! Além de atleta , tem veia de poeta ! Ao contrário de alguns , não me cansei : quanto mais eu lia , mais me deliciava com a sua façanha e tentava imaginar seu esforço e determinação . Parabéns , mais uma vez sinto grande orgulho de voce ser meu filho querido ! Muitos quilometros de beijos !

  7. Aristides Neto

    Graaaaande feito.
    Mesmo à distância tenho acompanhado o q vc tem feito.É maravilhoso fazer o q se quer fazer, ainda q isso custe tanta disciplina e condicionamento, q é o q vc nos ensina com suas conquistas.
    Um super beijo.
    Aris.

  8. Aristides Neto e Rosane

    Alem de atleta ,voce tem veia de poeta ! Ao contrario de alguns , não me cansei de ler , pelo contrario : quanto mais eu lia mais eu me deliciava e ficava imaginando o tamanho de seu esforço e determinação ! Parabéns ! Mais uma vez sinto um orgulho enorme por voce ser meu filho querido ! Muitos quilometros de beijos !
    Grande feito ! É maravilhoso fazer o que se quer , ainda que o custo seja tanta disciplina ,condicionamento e perseverança. E é isso que voce nos ensina com suas conquistas .Beijos !

  9. Fred

    Piaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!
    Parabénssssssss!!!!
    Sua sorte que não foi em SBS!!!
    Ai a palavra morro se transformaria em Pirambeira!!!!
    hauhauhauhauhahua
    Socos!!

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