12:51A morte de Espedito Rocha

Recebemos a seguinte mensagem:

Morreu nesta manhã o dirigente comunista e artista plástico Espedito Rocha, após 6 dias de internamento no Centro Médico Nossa Saúde. Espedito estava tratando de um câncer no pulmão, diagnosticado em meados de 2009. Nos últimos dias a doença se agravou e provocou o internamento e na manhã de hoje a sua morte.

Espedito Oliveira da Rocha nasceu em 01 de janeiro de 1921, em Santa Clara, então um Distrito do Município de Buíque, hoje Tupanatinga, em Pernambuco.

Espedito iniciou sua militância no Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1938, ainda em Pernambuco, e chegou ao Paraná no início dos anos 50, inicialmente trabalhando na colonização do Norte do Paraná.

Posteriormente mudou-se para Curitiba para trabalhar na construção do Centro Cívico e iniciar a atividade sindical, onde teve forte atuação política, tornando-se Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas de Curitiba e também foi eleito primeiro suplente de Vereador em Curitiba pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), pois na ocasião o PCB era clandestino.

Com o golpe militar de 64, Espedito teve seus direitos políticos cassados e perdeu tanto a condição de suplente de vereador na Câmara de Vereadores de Curitiba, quanto o mandato de dirigente sindical. Só não foi preso porque conseguiu fugir e, utilizando-se de uma nova identidade, com outro nome, permaneceu na clandestinidade militando como dirigente nacional do PCB, na condição de membro do Comitê Central, durante todo o regime militar.

Usando o nome de Tibúrcio Melo, Espedito foi preso no Mato-Grosso, onde administrava uma Fazenda do PCB, que era utilizada para fuga de resistentes da ditadura e também para obtenção de recursos para o Partido. Espedito foi levado para o DOI-CODI em São Paulo onde permaneceu preso e duramente torturado. Foi levado de volta pela polícia política para o Mato-Grosso pesando 38 quilos, já que existia o receio de que pudesse falecer nas dependências do DOI-CODI. No Mato-Grosso, com a ajuda de amigos, foi internado e recuperou-se, fugindo em seguida para São Paulo, onde retomou a militância com o nome de Tadeu Melo, que utilizou até ser anistiado em 1979.

Retornou para Curitiba onde refundou o PCB, permanecendo seu presidente até meados dos anos 90.

No início dos anos 80 comandou o apoio do PCB ao então candidato ao Governo do Estado pelo PMDB, José Richa.

Quando o PCB mudou de nome, para PPS, Espedito Rocha e outros comunistas conhecidos, como Oscar Niemayer e Ivan Pinheiro, fundaram novamente o PCB, ao qual ficou filiado até sua morte.

Na sua fuga para São Paulo, em 1976, Espedito utilizou as horas de esconderijo para retomar o talento antigo de esculpir na madeira. A partir daí, concomitantemente à militância política, Espedito iniciou a carreira de artista plástico, que desempenhou até cerca de 15 dias atrás, quando ainda não havia se agravado a doença.

Realizou exposições, coletivas e individuais, em diversos locais do Brasil e tem peças no acervo permanente de vários museus do país.

Sobre o artista, Pietro Maria Bardi, já em 1980, descreveu: “Espedito Oliveira da Rocha é um desses homens que desafiam as injunções próprias de quem é ligado ao mundo do trabalho. Na cartilha mais difícil, aprendeu a vida por ela própria. Transformou em poema de aroeira, peroba e cedro tudo o que viu e viveu”.

Espedito mantinha o site espeditorocha.com.br

Espedito deixou 8 filhos: Rosa Maria da Rocha, Caetano Oliveira da Rocha, Carlos Rogério da Rocha, Airam de Oliveira da Rocha, Luiz Carlos da Rocha, Gabriela Rocha, Mariana Rocha e Manoel Caetano Ferreira Filho, além de netos e bisnetos.

Seu corpo será velado na Assembléia Legislativa do Paraná, a partir das 14:00 horas, e cremado amanhã às 9:00 horas.

Compartilhe

3 ideias sobre “A morte de Espedito Rocha

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.