Emerson Fittipaldi tem a fala fina e depois dele todos os pilotos de Fórmula 1 do mundo passaram a ter a voz esganiçada e fininha. Pelo menos a gente ouve assim. Por quê, ninguém sabe. As cenas mais emocionantes desta categoria do automobilismo nos últimos anos foram protagonizadas pelo causador disso. Ele pilotando a Lotus 72 na avenida Marginal do Rio Pinheiros, em São Paulo e, depois voltando a entrar no cockpit da máquina que parou no tempo de nossa memória, na pista de Interlagos. Deu a volta de forma perfeita. Sempre foi assim. Sempre será. Fittipaldi ganhou dois títulos mundiais na Fórmula 1 porque, como foi comprovado, repetia o traçado durante toda a prova colocando os pneus no mesmo ponto-limite. Dizer que abriu o caminho para os outros pilotos brasileiros é repetir o de sempre. Emerson foi acompanhado por uma legião de fãs nas transmissões do pai, o “Barão” Wilson Fittipaldi, na rádio Jovem Pan, quando se mandou para a Inglaterra e se enfiou num carro de Fórmula Ford. Fez tanto sucesso que a Globo, sempre ela, colocou o galã Cláudio Marzo como protagonista de uma novela onde era piloto, etc e tal. A trilha sonora falava em “rumo, estrada afora…”, na voz de Evinha e seus irmãos do Trio Ternura. Ele, Emerson, foi. E tinha de ir. Porque sempre será o grande “Rato”, apelido que ganhou por causa do formato do rosto e também porque, moleque franzino, zanzava feito um roedor esperto nos boxes de Interlagos. Queria saber de tudo. Sempre soube de tudo. E nunca bateu no peito se vangloriando. Sim, depois houve Senna e Piquet, tricampeões. Senna, um gênio do volante. Piquet, um brasileiro que enobrece a raça, pois nunca se curvou, nunca disse amém, e por isso mesmo foi escanteado pela imprensa. Deu de ombros, como sempre. O nosso Rato mais famoso quase faliu na aventura de ter uma equipe brasileira de Fórmula 1, a Copersucar. Mas os feitos na Fórmula Indy, vitórias em Indianápolis, enfim, a seqüência de corridas milimetricamente perfeitas apenas o elevaram à condição de mito das pistas. Um dia despencou do céu com seu ultraleve. Quase morreu. O susto foi o suficiente para fazê-lo continuar a voar só na terra, onde é mestre. Quando saiu neste domingo de dentro do carro preto com letras douradas, Emerson Fittipalidi se apresentou com as mesmas costeletas enormes e os mesmos óculos escuros lá do tempo em que se trocavam milhares de marchas no muque para se vencer uma corrida. E a simpatia, natural, igual. E a voz… Bem, é a voz que sai da boca de todos os pilotos porque nós sabemos que eles precisam ter algo do Rato. Não fosse isso, não seriam pilotos.
Salve, Zé Beto!
Importante também a participação honrosa do Emerson Fittipaldi na Fórmula Indy.
Com mais de 50, deixou muitos meninos na poeira. Foi um marco naquela categoria.
Grande abraço.