11:12Hoje tem debate!

Hoje tem debate? Tem sim, senhor! Os dois candidatos encerram a campanha que é um paradoxo: enquanto o país caminha a passos de cágado, mas firmes, na consolidação do regime democrático, o menos ruim de todos, as estrelas que buscam chegar ao poder protagonizam um espetáculo deprimente de acusações, mentiras, tudo embrulhado no papel brilhante da publicidade socada goela abaixo da ninguenzada como pílulas que transportam para mundos que não existem. Claro que merecemos o engodo generalizado, a ideia do nonhô da Casa Grande que vai fazer o que há de melhor para a turma da senzala. Ela, essa turma, a da periferia social, está cada vez mais distante da luz porque os lá de cima, a turma da cobertura, onde se misturam numa orgia movimentada a dinheiro, de preferência o dinheiro mais fácil, exatamente aquele produzido pelos que não são nada, os mundialmente anônimos, bem, esses são especialistas em aniquilar o único caminho possível para que se tenha senso crítico e se enxergue a realidade – a Educação. Essa mesma, que é cantada em prosa e verso pelos que almejam chegar lá no topo, essa mesma que sempre será melhor no próximo governo, essa mesma que produz analfabetos funcionais em números cada vez mais gigantescos, portadores de diplomas que deveriam ter o carimbo oficial que informasse ser aquele mais um imbecil a não incomodar. Pior não são esses. Pior são os que se acham inteligentes e que disputam, nesta campanha, o título de quem é mais “cavalo de padeiro” do que o outro. A classe mérdia onde se incluem intelectuais, profissionais liberais, estudantes, jornalixos, essa classe, comparada aos capatazes sabujos do tempo da escravidão oficial, essa classe mérdia dividada em torcidas uniformizadas a babar os ovos de candidatos que colocam nos andores da idolatração – e ainda tem a desfaçatez, a calhordice de achar que os pobres não sabem de nada, como se fossem donos da sabedoria. Insensam partidos que são tão sérios quanto os propósitos dos mesmos, ou seja, de se tomar ou continuar no poder para a locupletação geral e irrestrita. Que ideologia é essa dessas verdadeiras marias-vão-com-as outras? Além do puxassaquismo, é aquela de não aceitar argumento contra, é a de rotular de direita ou esquerda sem enxergar que estão por fora. O que não se aceita é a demonstração de inteligência. Isso fere a alma dessa cambada. Porque, na maioria das vezes, a inteligência serve para melhorar a condição do ser humano – e isso é ruim, para estes, porque todo ser burro tem medo que lhe tomem o lugarzinho. Nosso país é assim, mas isso não quer dizer que não há solução. O voto tem o poder da depuração, mesmo que sacripantas sejam eleitos, como sempre acontece. O poder revela os pulhas e seus seguidores abduzidos. E há, em meio à corja generalizada, os verdadeiros políticos. Os que se sentem iguais, não escolhidos por algum deus, ou melhor, demônio, para pensar que está acima do bem e do mal. Engatinhamos nesse caminho. Mas é muito melhor assim do que parados e trancafiados.

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