10:14Nabuco e Martins: leve, pesado, musical e vibrante

por Rogerio Distefano, no Maxblog (www.maxblog.com.br):

Um tempo, duas leituras

Wilson Martins no vol. III da História da Inteligência Brasileira, período 1855/1877, também o do fastígio do senador/ministro/conselheiro José Thomaz Nabuco de Araújo, cuja biografia, Um Estadista do Império, escrita pelo filho Joaquim leio ao mesmo tempo. Um completa o outro, o tempo da política de J. Nabuco e o tempo da cultura de W. Martins. Nabuco escreve claro, leve, limpo, sente-se música em seu texto. Martins tem aquele problema que irritava em seus artigos da Gazeta do Povo: parágrafos imensos, recheados de apostos e orações subordinadas, o predicado separado do sujeito por duas ou três linhas.

Conhecia dele só a História da Imprensa, obra hoje esquecida, que escreveu aos 35 anos. Reencontrei-o na Gazeta, como destaque o primeiro parágrafo descomunal, doze linhas às vezes. Parecia testar a paciência do leitor, mas não era isso, ele é daqueles que insistem em dar o máximo de informações dentro do período. Em dado momento é preciso sair da História da Inteligência para descansar com o Estadista, pois às vezes há dúvida sobre quem é o sujeito das orações de Wilson. Mas não consigo deixar Wilson de lado, pois nem o texto pesado, nem a catadupa de informações bibliográficas que passa em cada linha conseguem retirar a essência única da História da Inteligência: Wilson Martins passa vida, vibração, traz o momento histórico palpitante para o leitor, um feito raro entre os que escrevem História.

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