Das agências internacionais:
Fundador da revista ‘Penthouse’, Bob Guccione, morre aos 79 anos
O fundador e editor da revista ponográfica “Penthouse”, Bob Guccione, morreu vítima de câncer nesta quarta-feira aos 79 anos, no Texas (EUA). Guccione trouxe a nudez frontal completa para revistas masculinas e construiu um império editorial multimilionário sobre o sucesso da “Penthouse”. A esposa de Guccione, April Dawn Warren Guccione, e dois de seus filhos estavam a seu lado no momento da morte. Bob Guccione era um dos três editores de revistas eróticas mais conhecidos, junto a Hugh Hefner – criador da “Playboy” – e Larry Flynt – fundador da “Hustler”. O sucesso financeiro da Penthouse se deve a mistura de fotos picantes, jornalismo investigativo, ficção científica e colunas de conselhos sexuais. Guccione ganhou manchetes no mundo inteiro e multiplicou as vendas da “Penthouse” com a publicação de fotografias da primeira negra a ter o título de miss América, Vanessa Williams, em 1984, e de Madonna em 1985.
Nascido Brooklyn, trabalhava como caricaturista e gerente de um lava-carros em Londres quando teve a ideia de lançar uma revista mais explícita e voltada a “homens normais”, diante da “Playboy”, que cultivava uma imagem mais moderada.
Tudo começou com um empréstimo, uma ideia e um acidente, lembra o jornal “The New York Times”.
O crédito era de US$ 1.170. A ideia era criar uma nova revista para adultos que superasse o sucesso da “Playboy”. E o acidente ocorreu por causa de uma antiga agenda com endereços postais.
Ele enviou os folhetos pornográficos a clérigos, alunas, aposentados e esposas de membros do Parlamento britânico.
A indignação e os protestos perante o conteúdo dos folhetos foram enormes e Guccione recebeu uma multa de US$ 264 por enviar por correio material “indecente”.
Mas graças a esta publicidade, as 120 mil cópias do primeiro exemplar da “Penthouse” se esgotaram em poucos dias e Guccione, que então tinha 35 anos e era um artista que tentava sobreviver a duras penas, estava a caminho de se transformar em um dos grandes da indústria pornográfica.
Guccione, que viveu na Europa durante mais de dez anos, levou a revista aos Estados Unidos em 1969 e transformou a “Penthouse” em uma das maiores e mais conhecidas marcas do setor.
No início dos anos 1980, já era um dos homens mais ricos dos EUA, líder da General Media, um império editorial avaliado em US$ 300 milhões dono da “Penthouse”, que registrava circulação mensal de 4,7 milhões de exemplares em 16 países.
A revista “Forbes” situou, em 1982, o patrimônio de Guccione em US$ 400 milhões. Sua coleção de obras de arte, que tinha um valor estimado de US$ 150 milhões, incluía quadros de Degas, Renoir, Picasso, El Greco, Dalí, Matisse e Chagall. Antiguidades decoravam sua casa em Nova York.
O editor também possuía uma das maiores mansões em Manhattan. Porém, perdeu parte de seu império devido à censura da era Reagan, a uma série de fracassos comerciais e após a chegada da internet com sua pornografia gratuita.
“CALÍGULA”
Talvez o maior fracasso tenha sido o investimento de US$ 17,5 milhões na produção de 1979 do filme “Calígula”, com atores como Malcolm Mcdowell, Helen Mirren, John Gielgud e Peter O’Toole.
As cenas de sexo permaneceram censuradas por quase 30 anos e somente em 2008 o governo britânico liberou o filme sem veto algum, sob a avaliação “filma para adultos”.
O filme original, rodado em 1979, tinha roteiro de Gore Vidal, e contava com estrelas como Malcolm McDowell, Helen Mirren, Peter O’Toole e John Gielgud.
No entanto, e segundo conta a edição digital do diário britânico “Daily Telegraph”, o produtor do filme e Guccione, considerou que não tinha “conteúdo sexual suficiente”.
Por isso, Guccione filmou de forma secreta cenas de sexo lésbico explícito, incesto e zoofilia, e as incluiu na edição do filme.
O filme nunca recebeu o sinal verde das autoridades britânicas para sua exibição nos cinemas do país. Quase três décadas depois, a BBFC mudou de parecer, e aceitou a comercialização na íntegra desta edição, devido a seu “interesse histórico”.
FALÊNCIA
Em 2003, a empresa anunciou falência e um investidor da Flórida adquiriu a “Penthouse” no ano seguinte em um leilão.
A revista tinha se transformado na primeira grande vítima da internet e pertence agora ao grupo FriendFinder Networks.
Os problemas financeiros obrigaram Guccione a vender em 2002 sua coleção de artes em um leilão. Quatro anos depois teve que se desfazer de sua mansão nova-iorquina.
Guccione se casou quatro vezes. Ele deixa quatro filhos.