11:23APPA é condenada por divulgar nome e salário de empregados em seu site

O Tribunal Superior do Trabalho informa:

A ofensa à privacidade dos empregados, que tiveram seus ganhos divulgados publicamente no site da autarquia na internet, reverteu em prejuízo para a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), que pretendia, com o procedimento, demonstrar transparência na gestão. Condenada a pagar a dois funcionários uma indenização por danos morais por quebra de sigilo, a empregadora vem recorrendo da sentença, mas o resultado se mantém, inclusive com decisão recente da Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho de não conhecer do recurso de revista da Appa.

A autarquia foi condenada pelo juízo de primeira instância a pagar R$ 4.980,00 por dano moral a cada trabalhador. Ao recorrer ao Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (PR), argumentou que publicou a relação nominal de cargos e remunerações dos funcionários em seu site oficial na internet em observ ância ao princípio da publicidade. Com essa alegação, a empregadora pretendia conseguir a reforma da sentença. No entanto, o TRT paranaense manteve a decisão.

Para isso, o TRT/PR considerou que a Appa excedeu os limites do razoável. De acordo com o Regional, a autarquia deveria ter agido com moderação, divulgando somente cargos, quantidade e respectiva remuneração, sem o nome dos seus ocupantes. Dessa forma, seria atendida a finalidade de demonstrar transparência e moralidade na gestão, sem atingir a esfera da vida privada dos funcionários ao tornar público os seus ganhos.

O Tribunal Regional entendeu que, “se, por um lado, o princípio da publicidade deve ser observado, não menos importante são os direitos personalíssimos do empregado, os quais ganharam status de direitos fundamentais pela Constituição de 1988”. O procedimento da autarquia, segundo o TRT, afrontou o artigo 5º, inciso X, da Constituição, que , ao amparar os direitos fundamentais individuais, estipula que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.

Inconformada, a empregadora recorreu ao TST, alegando que não teve nenhuma intenção de prejudicar ou causar qualquer espécie de dano aos autores e que a decisão de condená-la viola o artigo 37 da Constituição Federal. Além disso, apresentou julgados com entendimento diferente para comprovar divergência jurisprudencial. Inicialmente, ao analisar o caso, o relator do recurso de revista, ministro Aloysio Corrêa da Veiga, esclareceu que, segundo o acórdão regional, a sentença, ao entender como ilícito o ato de divulgação, via internet, dos salários de todos os empregados da APPA, não viola a literalidade do artigo 37 da Constituição.

Ressalva

No entanto, o ministro, ao ressaltar que o artigo 37 dispõe que a administração pública direta e indireta obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, ressalva seu entendimento. Segundo o relator, o artigo constitucional, “ao contrário do fundamento do julgado, remete à observância do princípio da publicidade, a denotar que ao desconsiderar a licitude de divulgação de valores pagos aos empregados, por ato administrativo em que se relaciona os salários dos empregados da empresa pública, a decisão deixou de dar validade à norma”.

Apesar de sua ressalva, o ministro destacou que a Sexta Turma entende que a decisão que condenou a autarquia não viola o artigo 37 da Constituição Federal, “porque o dispositivo aborda tão somente a obediência aos princípios nele elencados”. O colegiado considerou, então, que o Tribunal Regional, ao condenar a Appa ao pagamento de indenização por dano s morais, não ofendeu o artigo 37 da CF, que dispõe acerca dos princípios da administração pública, o que não se discute no caso.

Por outro lado, os julgados apresentados não serviram para comprovar divergência jurisprudencial. Assim, quanto à indenização, o colegiado não conheceu do recurso, permanecendo a condenação ao pagamento de indenização por danos morais. Houve reforma do acórdão regional em um único ponto: por ser a Appa uma autarquia que presta serviço público e recebe recursos estaduais, a Sexta Turma aplicou a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e determinou que a execução deve se dar por meio de precatório, na forma prevista no artigo 100 da Constituição Federal. (RR – 41440-28.2008.5.09.0322)

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5 ideias sobre “APPA é condenada por divulgar nome e salário de empregados em seu site

  1. Jango

    Se voces não sabem – e quase ninguém sabe – a única publicação perfeitamente legal, que cumpre a Constituição e a exigência da lei é a do Ministério Público Estadual.

    Eles publicaram, em separado, a lista de promotores e servidores, com as respectivas classes onde se encontram, e as tabelas com as remunerações das diversas classes. E NUNCA LISTAGEM COM AS REMUNERAÇÕES DE CADA PROMOTOR OU FUNCIONÁRIO, INDIVIDUALMENTE.

    Então, das duas uma:

    1) ou o resto dos funcionários públicos (da ativa, aposentados e pensionistas) que tiveram seus salários INDIVIDUALMENTE revelados foram objeto de mais um ato de demagogia do governador Requião e vão agora pagar os danos morais dos servidores da APPA;

    2) ou o que vale para o Ministério Público Estadual deve valer para o resto dos funcionários públicos, isto é, somente a publicação da lista de funcionários e as tabelas de remuneração, em separado.

    E uma pergunta: sendo a lei da publicidade ou transperência a mesma para todos, porque Requião não exigiu do Ministério Público o mesmo que determinou aos funcionários públicos, ou porque, então, não exige o Ministério Público do governo que cumpra exatamente o que a lei determina e livre o Estado – vale dizer o Erário Público, o dinheiro público – de pagar danos morais pelas ilegalidade cometidas pelo Requião ?

    Emersom com razão, mas alguém tem a esperança mais remota de que vão acionar o direito de regresso ao administrador ímprobo que determinou a ilegalidade da publicação na APPA ?

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