16:43João de Pasquale, adeus

A notícia sempre vem assim. Escrita na pressa e frieza dos tempos modernos. Morreu na madrugada de hoje João Pasquale, 81. Era  proprietário do tradicional Restaurante Pasquale, localizado no Passeio Público. Está sendo velado na Capela do Vaticano e será enterrado no Cemitério Municipal, no bairro São Francisco, às 17h. Pois eu estou vendo o sorriso do meu amigo atleticano, olhando aquele penteado tradicional, enxergando a aura de um boa praça que sabia tudo da cidade – e mais um pouco. Ele não era apenas dono daquele restaurante. Era dono da praia de Curitiba, onde todo mundo ia ali porque era ele, Pasquale, o catalizador de tudo, mesmo que a gente não conseguisse trocar um dedo de prosa nos sábados da feijoada mais famosa da cidade – e isso vai ser para sempre porque não surgiu mais nada parecido. Claro que falávamos de futebol, ele que viveu seu tempo de jogador, se não me engano, mas de técnico no templo sagrado da Baixada. João de Pasquale falava baixinho como os sábios, porque estes não precisam alterar um decibel o tom para demonstrar conhecimento ou poder. Não sei por que sempre reparei nos sapatos que usava, finos. Fiquei espantado com essa idade, mas sei que ele foi embora criança. Quando saiu daquela ilha da nossa fantasia, o restaurante afundou. Porque ele era a sua alma. Houve uma reforma que não precisava ser feita. Depois, o reinado acabou em nome de uma modernidade que não existe, porque a história, ah, a história é feita de gente que viveu os tempos e soube captar o que interessa. João de Pasquale tinha esse dom. E toda vez que eu levava um boleiro para entrevistar ali, no meio da semana, sob as árvores perto do lago, ele passava, era reverenciado pelo escolhido da vez e saía discreto como chegou, para não atrapalhar. Depois, nos encontramos algumas vezes nas arquibancadas do Atlético, ele sempre demonstrando sabedoria futebolística, uma de suas grandes paixões. E sorria, mostrando que na vida as coisas ruins são necessárias para valorizarmos as boas. E ele tinha essas de sobra. Com sua partida, Curitiba perde parte viva da história. Mas ele fica para sempre. Amém.

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7 ideias sobre “João de Pasquale, adeus

  1. Raphael Rolim

    É Zé… Suas palavras foram precisas. Foi-se o Seu João. Aproveitei um pouco de seus ensinamentos. Mesmo doente esbanjava sabedoria e histórias de uma Curitiba deixou nossa família saudosa…

  2. Parreiras Rodrigues

    Unamos nossas tristezas a de Jêime Lerner, ilustre batedor de ponto no Pasquale.

  3. Jeremias, o crente

    João de Pasquale não era um restaurante, um local.
    Era mais que tudo um apaixonado por Curitiba, pelo futebol e pelo seu Atlético, do qual foi técnico de suas categorias “inferiores”.
    Também marcou época como comentarista de futebol em vários prefixos radiofônicos de Curitiba.
    Saudade, ah essa palavrinha tão sentida…

    Vai Pasquale! Com você está indo um pouco da minha Curitiba perdida!

  4. Gerson Guelmann zs

    Os anjos vão comer o melhor bolinho de arroz do universo. Que D-us o tenha em bom lugar.

  5. Bartolomeu Dias - do LuZitano

    Agora pergunta pro Taniguxi se tá tudo certo ? FDP acabou com os pontos tradicionais de CWB com a desculpa de uma modernidade … vai ver que era , sim, no seu CX2, FDP que acabou com o LaNoPaquale com a GaleriaSchafferECineGroff pra levar um troco do MacDon ? JapSafed … devia ir preso com os galhos de ArrudaDF, mas aqui é Br e até os Fujimori se safam.
    Valeu Pascua, e toda sua fauna Tropical-Curitibana , que lá frequentava.
    Como diria o Tio Lema: O Rio é o mar, Curitiba é o Bar !
    Pq nossa praia foi Lá No Pasquale !

  6. Krystian De Pasquale

    Zé a família agradece as suas lindas palavras com muita dor pela falta que o nosso João irá fazer… obrigado Família De Pasquale

  7. JJ

    Faço minhas as palavras do amigo Zé Beto.
    Só vi a notícia agorinha e foi um baque.
    Pasquale era uma alma boníssima, amigo dos amigos, atleticano de ir a todos os jogos e entendia de futebol como poucos. Muitas vezes fui assistir aos jogos ao seu lado, para aprender um pouco mais. Infelizmente, a vida é assim: um dia acaba.
    Ficam as lembranças de um bom amigo, daqueles insubstituíveis.
    Curitiba fica mais pobre…e triste.

    JJ

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