8:39Chumbo e chumbo

Solda empunha e galho e Alberto Centurião sustenta a pose
Foto de Beto Bruel

A imagem acima foi feita quando os anos eram de chumbo, mas os militares se recolheram ao lugar de onde nunca deveriam ter saído, e o chumbo continua, sob outras formas, e pose rebelde continua valendo, apesar de até o cenário não existir mais, demolido que foi o Colégio Champagnat. Respiramos democracia, podemos votar, escolher, como hoje, neste dia frio e chuvoso na capital dos paranaenses, mas parece que não avisaram os senhores da Casa Grande. Aqui não se vai falar em nomes, mesmo porque são raros os que podem ser chamados de políticos sem que isso se traduza imediatamente em desmerecimento, em coisa feia, em pecha pejorativa. A ninguenzada da senzala continua separada por um fosso imenso dos senhores do poder, porque são poucos os que conseguem romper a barreira e sair do gueto da ignorância mantida sob essa barbárie que chamam de Educação no país. A distribuição de caraminguás esmolentos que se transformam em sustentáculos de campanhas, seja de que está no poder ou quem quer entrar, é apenas a continuação da nossa pobre história. A discussão patética entre esquerda e direita, normalmente alimentada por integrantes de uma classe média que se acha inteligente porque toma café, almoça, janta, tem casa, carro na garagem, faz uma viagem por ano, lê jornal e assiste ao Jornal Nacional, essa discussão é grotesca porque cega. Os líderes dos mais exaltados, os cavalos de padeiro que só enxergam uma direção, estes líderes vendem a mãe e se abraçam ao demônio para se manter no poder, que significa o seguinte, em resumo: acesso a cofre onde o fruto do trabalho da manezada é depositado em forma de impostos. Ideologia, eu quero uma pra viver, dizia o poeta que se foi na tragédia da Aids. O que são estes partidos que aí estão? Repararam que poucos falam em honestidade? O mote maior é o seguinte: para se governar um país, um estado, é preciso ter apoio, compactuar. E enganar. As campanhas políticas são o espelho cristalino disso. O país, o estado que ali se mostra são o que?. Publicidade para se vender um produto que só emplaca para abduzidos e os que não têm discernimento – a maioria do nosso povo que é maravilhoso, mesmo porque aguenta todo tipo de tranco e até hoje (e até quando?) nunca reagiu. Não é por outro motivo que as campanhas, como esta na província, se transformam em demonstrações indecentes, comparadas com brigas de rua para se saber quem vai tomar conta do pedaço – com a platéia (eleitor) colocada no devido lugar, ou seja, como se não existisse. O pior é que a baixaria contamina. Nas chamadas redes sociais o que se viu foi um desfilar de grosserias, de mentiras em forma de vídeos e notícias. Cabos eleitorais com fantasia de jornalista não faltaram, para variar. Comentaristas escondidos no anonimato aproveitram espaços para o achincalhe generalizado, usando como escudo a  “liberdade de expressão”. Sim, este é processo, lento, quase parando, da nossa caminhada. Há pontos de luz nessa escuridão. Certa vez, um funcionário de alto escalão do Tribunal de Contas da União, destes que honram o cargo e a missão, disse que, no Brasil, tudo caminha como aqueles velhos tanques de guerra. Mas caminham e passam por cima. Nós, os mundialmente anônimos, estamos aqui, como na pose protagonizada acima. Por enquanto, somos a parte de baixo, carregando tudo, mas podemos e queremos ser a parte de cima. E o grito da verdadeira independência, aquela que nos transforma em cidadãos que merecem respeito, pois pagamos a conta toda, pode e deve acontecer em momentos como o de hoje.

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8 ideias sobre “Chumbo e chumbo

  1. Nós , os de baixo.

    …” Por enquanto, somos a parte de baixo, carregando tudo, mas podemos e queremos ser a parte de cima.”…
    -Somos a parte de baixa quem ?
    – Eu, pequeno burgues com minha vida de classe média que me permite dispor de tempo para bisbilhotar na internet?
    -” O jornalista que TEM LADO e habilidade para manifestar opiniâo como se não tivesse?
    Somos de baixo quem?
    – Nós que já entramos na eleição sabendo que ou ganham os candidatos que melhor nos interessam ( Serra e Beto) ou os segundos que melhor nos interessam ( Dilma ou Osmar) .
    -Quanto de baixo pode ser essa classe média, que a unica preocupação é o quanto de imposto vai pagar e o quanto desse imposto vai para apaziguar os animos da patuléia e o quanto vai para construir o novo terminal do aeroporto?

  2. silas

    Pena que o povo acredita nesta turma que está no governo. A turma do Zé Dirceu, Dilma Lula, Marcos Valério Duda Mendonça, Mensalão Roberto Jeferssom e aí pra frente. Tem mais a Erenice os contratos do filho do Lula, ah! chega, não tomei café e estou enjoado de stas histórias que o povo vê escuta mas diz que não acredita. Só para lembrar na época da 2ª Gierra teve um cada que pregou para o mundo o seguinte: “Uma mentira dita várias vezes se torna uma verdade” Obs. O louco do Amahdnija do Irã diz que não houve o holocausto ém ais ou menos isso , só falta êke repetir, repetir.. e daqui a pouco vão acreditar, o car que falei da 2ª gurra foi Gobles, pelo menos a ele é atribuida a frase.

  3. Parreiras Rodrigues

    Uma síntese perfeita, tão realista que chega a cruelizar.
    De política procuro entender um pouco, mas de eleitores, esses, nunca os entenderei.

  4. Parreiras Rodrigues

    Beto Bruel é parente do advogado Gil Bruel? E como faço para mandar este texto prum “amigo”?.

  5. Fernando Parracho

    Sensacional o texto. Merece moldura, quadro na parede, mas não pra enfeite, pra ler todos os dias. Amargo o bastante para fazer pensar, doce o suficiente pra manter a esperança de que ainda vamos derreter esse chumbo. Se a missão é fazer do limão a limonada, quem sabe a gente ainda consegue colorir o cinza geral. Abraço!

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