15:02AI-5 nunca mais

Do descobridor do Cabral: 

Sobre a última edição do Jornal do Brasil, um veterano jornalista também lembrava hoje que o JB foi uma escola, e uma escola nacional. Os jovens que ingressavam na profissão tinham nele mais do que uma referência. Era uma espécie de bíblia. Um outro jornalista, não tão veterano assim, citava uma das proezas – na época, mais do que proeza, quase um gesto de suicídio: quando da edição do Ato Institucional número 5, a 13 de dezembro de 1968, o JB do dia seguinte marcou seu protesto com inteligência e fina ironia. No alto da primeira página, ao lado do logotipo (hoje logomarca), bem em cima da manchete do AI-5, estava lá a tradicional previsão do tempo, que dava o aviso:

“Tempo negro.
Temperatura sufocante.
O ar está irrespirável.
O país está sendo varrido por fortes ventos.
Máx.: 38º, em Brasília. Mín.:5º, nas Laranjeiras.” 

Entre os autores da destemida peitada no regime militar estavam Alberto Dines e outros jornalistas do mesmo calibre. Calibre e coragem.

Com o AI-5, que perdurou até outubro de 1978, nada menos do que 333 políticos tiveram seus direitos políticos cassados e o Congresso permaneceu fechado até outubro de 1969, quando foi “reaberto” para “eleger” o general Emílio Garrastazu Médici. Seguiram-se ao AI-5 mais doze atos institucionais, 59 atos complementares e oito emendas constitucionais.

Depois do breve momento de reminiscências, no democrático Luzitano, aquele do Z, não o Z do Costa- Gavras, um terceiro jornalista pediu mais uma. Sem dar gole pro santo.

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