por Zé da Silva
Escorpião
Acordou e sentiiu um gosto estranho na boca. Acendeu a luz do abajur e viu metade do colchão estava estraçalhado. Os pedaços de espuma espalhados em volta. Lençol dilacerado. Lembrou que deitou e ligou a televisão. Na tela, a Mosca da Cabeça Branca. Depois, dormiu. Acordou de novo e agora era a Bolha Assassina. Teve pedadelo? Não. Sozinho na casa, levantou para tomar um gole de água gelada. Ao passar pela sala era estava lá uma poltrona destruída. Alguém entrou na casa, imaginou. Ninguém entrara. Todas as portas e janelas intactas. Tomou a água. O gosto na boca não desapareceu. Ouviu um latido. Tinha esquecido da cadela. Minúscula. No cio, imaginou. Foi ela. Abriu a porta e o portão da casa. A pequena sumiu enquanto o sol surgia. Ele voltou a dormir. Um dia, quem sabe, ela vai voltar.