8:23Sutileza burra

Neste país onde respirar faz mal a saúde, porque a hipocrisia empesteia o ar, é fundamental que se respeite o direito de se criticar. O humor é a linguagem perfeita para isso, porque de forma cirúrgica tira a máscara e joga o sol em cima de quem pensa agir sob proteção divina. Nesta eleição, há uma pressão cavernosa, indecente, burra, para que candidatos não sejam retratados de forma que eles e seus times de advogados consideram “ofensivos”. Na ditadura militar a coisa era feita de forma aberta, clara, violenta. Agora, é sutil – e talvez estes senhores impolutos achem que, assim, seja mais inteligente. A leitura da lei eleitoral, para os seres normais, não indica  que candidatos a cargos eletivos não possam ser retratados pelos humoristas. Os seres anormais acham que sim, e jogam o jogo a que estão acostumados, que é o dos recados passados nos bastidores do andar de cima, das ações truculentas, mostrando que são mesmo aquilo que não gostam de ver. O que é uma charge diante das besteiras que os políticos falam e fazem? O que é um desenho diante das barbaridades, do desrespeito, da ladroagem, do achincalhe generalizado que é empurrado de cima pra baixo como nós, da ninguenzada, fôssemos imbecis?  Isso não tem como ser censurado, não é mesmo? Desde que este país foi descoberto foi sempre assim: quem tem o poder pode, quem não pode, se sacode – e a dona Justiça parece usar um tapa-olho exatamente para este lado, porque do outro enxergam muito quem não rebola conforme esse eterno tema musical do país abençoado por Deus.

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