por Zé da Silva

Touro

Ao sair do banheiro descobriu que tudo estava trancado. Médicos e funcionários da clínica o deixaram lá, ele que espera apenas o resultado de um exame. Dormiu? Desmaio? Não sabia. Sentou na mesa da  recepcionista. Via apenas luzes passando na rua que estava do outro lado do muro alto. Procurou uma agenda. Não achou. Não tinha para quem ligar. Ficou com medo de que o confundissem com um ladrão. Entrou num dos consultórios e deitou no local onde os pacientes deitavam para serem examinados. Se sentiu estranho. Achou que estava sentindo uma dor forte na região dos rins.  Pulou dali e a dor passou. Deitou de novo e agora era o coração que palpitava descompassado. Pulou. Passou. Voltou e faltou ar. Saiu e voltou a respirar. Sentou na cadeira de couro do doutor. Abriu a mesa e tomou um comprimido. Sentiu-se levitar. Ouviu algum barulho vindo da frente. Já era dia. A secretária o cumprimentou e perguntou porque tinha chegado tão cedo. Não falou nada. Saiu. Olhou uma placa na frente da casa. Seu nome estava lá. Havia um “Dr.” na frente. Só que ele não sabia para onde ir. Voltou ao consulório. Recebeu outro bom dia. Esperou então o primeiro paciente.