11:57Saudades da Irati!

Orlando Gomes é irmão do fotógrafo Igor Gomes, grande colaborador deste blog. Ele enviou do Rio de Janeiro, onde mora, o texto abaixo, depois de ler “A Curitiba dos meus tempos de piá”. Adaptou para Irati, de onde saiu há meio século. Orlando tem 62 anos, é aposentado. Formado em Engenharia Mecânica e Engenharia Civil, foi executivo da ESSO, coordenando a logística do MERCOSUL.

Saudades da Irati dos meus tempos de guri ! 

– Das partidas do “bete-ombro”, no meio da rua de terra.

-Do jogo de galo no recreio do colégio primário Duque de Caxias. Com a terra molhada, o galo calava melhor na terra,

-Do jogo de bolinha de burico na praça do Correio (não aceito caquiada, pegou de caspelinha)

-De empinar papagaio feito de papel de seda e bambu

-Dos jogos no campinho da casa do Herculano com as bolas de “capotão”  brilhando com o sebo do açougue da rua XV.

-De escavar o terreno para catar minhoca e ir pescar lambari no rio das Antas.

-Saudade das Balas Zequinha. As figurinhas embrulhavam aquelas balas ruins, que ninguém chupava,  mas que divertiram muito a piazada. E dos  álbuns de figurinhas de times de futebol, que davam prêmios para cada página preenchida. Ferro de passar era o que mais saía.

-Dos campeonatos de futebol de botão na casa do Artur Zeni, ainda na praça do Correios.
 
– Dos balões de São João que iluminavam as noites frias. Era balão de todos os tamanhos e de todas as formas. Tinha uns grandes, tão grandes que até os bombeiros vinham ajudar na hora de acender a bucha, que muitas vezes despencava quando o balão subia, pra tristeza de todos.

-Da fogueira de mais de 10 metros de altura, atrás da estação de trem, onde se assava pinhão e  batata doce, para comer tomando quentão. E de pular a fogueira no final da noite.

-De jogar futebol no campo do Colégio São Vicente de Paula, na hora do recreio. E de dar uma escapada até a cascatinha para encontrar as meninas.

– Da merenda de bolachas Duchen. Da Crush e da gasosa de framboesa da Cini ou da Mirinda. Quando não, um suco de uva Grapete. Ou gasosa de framboesa da Cini. Pra variar, Minuano. Tinha uns que levavam Bidu-Cola ou Guaraná Caçulinha, com bolacha Maria.

– Aos domingos  ia-se à matinê do Cine Irati, do Wasileski.

-E antes do matinê, uma vaca preta, Coca-Cola com sorvete de creme, no Maluf. Ou  um dolé, que era gelo colorido. 

-Os piás só entravam depois que apagava a luz e sentavam no lugar reservado pela namorada. E assistia-se ao filme de mão dada. Namoro ousado na época ! Não lembro como cada um achava a SUA cadeira, no escuro ! E a pipoca do Herculano no saco de papel de embrulho. Grande pipoca! Ah, é outro Herculano. Os meninos usando seus trajes domingueiros e as meninas vestindo roupas novas de A Realeza. Tênis e chuteira era na loja dos Koppe. E também tinha a lojas das familias do Pirulito e do Ferpa.

-E os grandes jogos de domingo no estádio Coronel Emilio Gomes, onde o ISC, o temido sanhaço, chegou a fazer uma final de campeonato com o Ferroviário (perdemos de 3 a zero com três gols do Sicupira. Eu não vi este jogo. Meio estranho o resultado…). E da final de turno contra o Operário (perdemos de 1 a zero, gol do Silvio, virando de dentro da área e colocando no canto direito do Fredi. Até hoje, não sei bem porque, eu me lembro deste gol como se fosse ontem…Acho que doeu mesmo…) . No final o Leite (ou foi o Tatá?) ainda bateu uma falta que passou rente a trave… Mas era um timaço. Antoninho, Barbosa ou Fredi no gol, Leite, o grande Moreira, Zito, Sagui, Vadico, Geraldo, Tatá, Vadjo, Madureira e tantos outros.

– O Olímpico… bem lá tinha o Joaozinho Dallegrave, o Leleco, o Levis, o Bakaus e o Mando. Nenhum título (hehehehe).
No Olímpico a piscina não tinha cloro e eu lembro que a gente escorregava, de tanto limo que tinha no fundo. E ninguém ficava doente.

– E, claro, tinha o grande time juvenil do Isal, tri-campeão iratiense ! Grande goleiro o juvenil do Isal tinha !!!
 
– E pra chegar nos estádios a gente ia caminhando em cima da linha do trem e catando e atirando as pedras que sustentavam os trilhos

– Piás felizes chutando bola, no campo atraá da serraria dos Gomes. Onde a nossa goleira é hoje uma famosa atriz, reconhecida internacionalmente.

– Andando de bicicleta e se quebrando na descida da rua da Matriz. Tinha uma calçada no meio do caminho, que me arrumou muitos machucados e até uma fratura ou outra. Mas aí era so ir na farmácia do Vico e tava tudo resolvido.

-E catando pera e maçã e caindo das árvores. Mais fraturas….

– E a feira junina da rua XV, onde sempre corria a galinha e os recados pelo auto-falante. 

– A quadra da Lida, onde se jogou memoráveis partidas de basquete e futebol de salão. Aliás,  futebol de salão começou no Colegio Irati, por uma iniciativa do Dirlei. Também lembro como se fosse ontem a montagem das primeiras traves de madeira e da primeira pesada bola de crina de cavalo… pesada e doída pra nós, goleiros. Grandes timaços : Racing, Benfica, Sopaco, DMSA. 

– E as peladas nas férias no Samuara. Sempre com muita cerveja. Antes do jogo…

– Tem a lenda que as moças da zona, na época do Natal, faziam um almoço, num domingo, com frango assado pra garotada. Com cerveja. De graça. Só se comia o frango.

-O s bailes do Clube do Comércio, com direito a orquestra e muito cuba libre e uisque paraguaio ! E os bailes de carnaval no Operário e no Polonês, com lança-perfume liberado.  Os bailes em Rebouças, Guarapuava e  Imbituva, com as inevitáveis brigas ao final.

– O carnaval com ensaio da Jui, que tinha o polaco Fenianos como porta-bandeira. Seria ele a rainha da bateria da época?

-As festas nas casas das meninas, onde elas levavam a comida e a piazada levava a bebida. Coca-cola e rum, é claro. Dança ao som de boleros, nas radiolas e eletrolas.

– E aos 16, 17 anos, pegar o caminho de Curitiba, rumo a vida de adulto.

Enfim, não dá pra reclamar. Foi muito boa a infância e juventude em Irati ! Que as novas gerações também aproveitem !

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