A história contada abaixo na reportagem da Folha Online merece complemento. Como foi escrito aqui ontem, o travesti Andrielly Vogue começou a reclamar recentemente pelo fato de ter sido inscrita com seu nome de registro, José Adriano Elias, e não o que adota como travesti, ou seja, não concorreu na cota das mulheres candidatas. Logo depois da convenção, onde levou fotógrafo particular e posou para fotos na mesa principal (uma delas foi aqui publicada), ela informou ao blog que, por causa da chapa formada para apoiar Osmar Dias, seu nome não constava na lista dos candidatos, que entraram apenas os mais fortes e que iria trabalhar na campanha do vereador Pedro Paulo, que vai tentar uma cadeira na Assembleia Legislativa. Até então, não reclamou do fato de ter ficado de fora. Agora a coisa mudou. Em carta enviada ontem à Adriana Aparecida Storoz Mathias dos Santos, Procuradora Regional Eleitoral da Procuradoria da República em Curitiba (ver abaixo), Andrielly coloca a troca de nome como motivo principal de não ter sido escolhida candidata e afirma que isso é sinal de discriminação. Por isso, pede providências ao Ministério Público Federal, para que seja inserida na lista e concorra à eleição. A este blog, ela disse que, se não conseguir a candidtura, pode sair do partido. Hummm. Logo depois da convenção não era esse seu pensamento. Confiram a carta:
À PROCURADORA REGIONAL ELEITORAL DA
> PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM CURITIBA, DRA. ADRIANA
> APARECIDA STOROZ MATHIAS DOS SANTOS>
>
> Eu, José Adriano Elias, que adoto o nome social
> Vulnerável Andrielly Vogue, brasileira, solteira, travesti,
> ativista de Direitos Humanos, ex-candidata a vereadora,
> militante LGBT, nascida em 14/01/1976, natural de
> Paranaguá/PR, filha de José Carlos Elias, portadora do RG
> nº. 6788460-4/PR e inscrita no CPF nº. 015252429-03,
> residente e domiciliada na Rua Rio Muruci, nº. 250, Bairro
> Alto, Curitiba/PR, tel p/contato (041) 8451-1124, e-mail [email protected],
> venho por meio deste, apresentar PEDIDO ADMINISTRATIVO
> referente ao registro de minha candidatura à deputada
> estadual nas eleições de 2010.
>
> Como se sabe, no dia 27 de junho de 2010 realizou-se a
> Convenção do Partido dos Trabalhadores na Sociedade Urca,
> em Curitiba. Naquela ocasião, tive minha candidatura
> homologada pelo partido ao qual sou filiada desde
> 2007.
>
>
>
> Ocorre que, após a confirmação da coligação “União
> pelo Paraná”, formada pelo PT, PDT, PMDB, PR, PC do B e
> PSC, meu nome não foi aprovado pela Executiva
> Estadual.
>
>
>
>
> Considero, porém, que houve equívoco na não aprovação
> de minha candidatura, pois o Partido a homologou por meu
> nome civil, “José Adriano Elias”, ao invés do nome
> social Andrielly Vogue, pelo qual sou conhecida há 17
> (dezessete) anos.
>
>
>
> Vale lembrar que nas eleições de 2008 concorri ao cargo
> de vereadora do município de Curitiba pelo PT, com
> homologação e registro utilizando meu nome social e
> inserida nas cotas para mulheres (santinho em anexo). O
> Partido dos Trabalhadores é inclusive autor do Programa
> Brasil Sem Homofobia, lançado em 2004, que visa promover a
> cidadania e os direitos humanos de lésbicas, gays,
> bissexuais, travestis e transexuais
> (LGBTT).
>
> Nas eleições deste ano de 2010, o equívoco na
> homologação de minha candidatura acabou por obstar a
> confirmação e registro, pois nas cotas para mulheres
> conseguiria ser inserida com sucesso.
>
>
>
> Diante do exposto, requeiro do Ministério Público Federal
> sejam tomadas as medidas que entender cabíveis, bem como
> seja revisto o equívoco quanto à utilização pelo Partido
> dos Trabalhadores -PT- de meu nome civil, para que seja
> utilizado o nome social “Andrielly Vogue” e, por
> consequência, seja revista a lista das candidaturas
> aprovadas para deputado estadual nessas eleições,
> incluindo-me nas cotas para mulheres, sendo assim apta a
> concorrer ao pleito.
>
>
> Curitiba, 9 de julho de 2010.
>
>
>
> Vulnerável Andrielly Vogue