Elza Soares nasceu no dia 23 de junho de 1937

Pouco antes do início do show no palco do Calamengau, ela estava sentadinha numa cadeira no camarim. Parecia uma velhinha encolhida por causa do frio da noite. Agradeci por tudo que ela fez e faz. Saí e fui para a mesa perto do palco. As luzes se apagaram e, quando ela entrou iluminada por um foco de luz branca, era uma mulherão com vestido quase todo transparente. E quando começou a cantar, iluminou as almas, o ambiente, o mundo, a vida. Porque não é apenas a voz, rascante, suave, perfurante, acariciante, que Deus lhe deu como tesouro. Elza Soares canta como alguém que passou por tudo, da fome na favela, à execração por ter amado o Mané Garrincha casado com a mulher de onze filhas, sem contar a dor maior de ter perdido o filho dentro das águas de um rio. Naquela noite eu presenciei o melhor show de cantora que presenciei na vida. E quando ela cantou, à capela, “O meu guri”, do Chico Buarque, acocorada na beira do palco, choramos todos juntos. Amém.