20:45Da origem do teu deserto

Esse amor que me enche de vida
Que cala fundo a mais doce ferida
Do orgulho rasgado pela própria caída
Esse silêncio que me dá a medida
Do infinito da alma escondida
E da palavra não dita
Essa alegria da renúncia esculpida
Pelas marés de sombras jamais esquecidas
Que morrem no derradeiro momento do suspiro sentido
No fundo do peito do trovador entorpecido
Não pelo veneno da glória não alcançada
Mas pela liberdade de se ter simplicidade
De se ter coragem para olhar a grandeza da vida
Que se estende pelas planícies do mar
Que escorre pelos céus do fogo
Que voa dentro das terras profundas do Ser
Grande é a mão que esculpe a dor no silêncio do amor
Pequena é a vitória do intenso fulgor
Na fugacidade do tédio e do ódio
Só, tu te julgas sóbrio e correto
Juntas tuas mãos para pedir ao secreto
E relembras da origem do teu deserto
E voa com as asas daquilo que não sobrou
Nem da vida nem da morte.
Sorte…
 
de Ticiana Vasconcelos Silva

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