por Zé da Silva

Áries

Pintaram o céu dele. Nunca esqueceu. Pintaram com balões de todas as cores. Ele tinha oito anos e imaginou Zito pulando para fazer o gol contra os tchecos. Ele não imaginava onde ficava o país dos adversários, mas sabia que todo mundo estava feliz, mesmo quem nunca tivesse visto um jogo de futebol ou entendesse aquilo. O céu estava azul anil. Verde e amarelo eram as cores do Brasil. No rádio as transmissões do Chile faziam sua cabeça para sempre. Ele que, quatro anos antes, captou alguma coisa vinda da Suécia e nunca mais esqueceu Edson Leite e Pedro Luis, os narradores do imaginário eterno. Só muito mais tarde iria saber da dimensão de Didi, Garrincha e Pelé dando seu baile de bola. E sempre foi grato, por vivenciar e também ter recebido de presente aquela pintura que ia até onde podia enxergar no céu do seu sonho real. Entendeu então o significada de a taça do mundo é nossa, com brasileiro, não há quem possa. Até hoje acha que é isso que o salvou e o faz ser feliz para entregar este tesouro aos filhos e netos.