6:01Voto e gol

por Gilberto Larsen

Quem é mais arrogante? Dilma ou Serra? É duro de responder. O ex-governador paulista tem a cara de quem acha que calçar a sandália da humildade é uma expressão dispensável na língua portuguesa e a ex-ministra parece acreditar que prepotência é uma forma eficiente de governar. Ou seja, o empate dos dois é normalíssimo na questão arrogância. Nada parece abalar suas posturas de candidatos.

E então, o que vai dar? Quem desempata o jogo?  Em tempo de Copa do Mundo a solução pode estar nos pênaltis. Imaginemos a eleição ser decidida com Dilma e Serra vestidos de camisa de time, calção, meia e chuteira. Cada um deles chutaria, alternadamente, cinco vezes no gol do outro. Por uma questão de cavalheirismo Dilma teria o primeiro chute.

Nada mais de horário político na TV e no rádio. Como bons brasileiros Dilma e Serra decidiriam o pleito na bola. O Tribunal Superior Eleitoral poderia fazer uma parceria com a Confederação Brasileira de Futebol e estabelecer algumas regras. Uma delas é o local que o ex – Fernando Henrique Cardoso e o atual Luis Inácio da Silva ficariam dentro do campo. Para evitar o inconveniente de ambos ficarem no circulo central do campo, Lula ficaria na bandeira de corner da esquerda e, automaticamente, FHC na direita. Eventuais reclamações mútuas de que não há uma bandeira localizada a centro direita ou a centro esquerda, seriam sumariamente rejeitadas.

      A cobrança de pênaltis seria transmitida para todo o país e a comprovação de voto é a televisão ou o rádio ligado. Com o respaldo de ter uma tecnologia admirada em todo o mundo para fazer a votação eletrônica, o TSE bolaria uma forma de controle e quem não estivesse com o veículo de comunicação ligado na hora, pagaria uma multa e não poderia participar de concursos públicos. Televisão e rádio ligados ao mesmo tempo, contaria um voto só. E dentro da parceria a CBF ficaria responsável pela venda das contas de patrocínio. Inclusive com logomarcas do MST ou das companhias telefônicas nas camisetas dos jogadores. Empreiteiras e sindicatos poderiam colocar placas atrás do gol.

     Para evitar tumultos das torcidas organizadas, digo cabos eleitorais engajados, as arquibancadas ficariam vazias. Dentro de campo seria permitida a estrada de cinco pessoas da comissão técnica do candidato, além de Lula e FHC. Todos teriam lugar marcado com nomes previamente informados e riscados a cal na grama. De um lado o local para Zé Dirceu se posicionar, de outro lado o local para Aécio Neves, e assim sucessivamente. Pelo regulamento, todos eles estariam sujeitos a fiscalização que a polícia faz sobre as torcidas organizadas.

     Se a primeira série de chutes terminar empatada do tipo zero a zero, haverá um intervalo de cinco minutos para cada grupo promover uma reunião e discutir novas estratégias de chute. Nesse intervalo seria permitida a entrada em campo de diretores do Data Folha, Ibope, Vox  Populi e outros institutos para avaliarem se a tendência para chegar à vitória é chute rasteiro, a meia altura ou no ângulo superior.

     Recomeçada a disputa, desta vez com três chutes, o mecanismo bolado pelo TSE consideraria a nova cobrança como segundo turno, com as mesmas regras do primeiro para a televisão e o rádio, inclusive com envio de comprovante de voto pelo Correio. Havendo novo empate a escolha do presidente seria no cara ou coroa. Qualquer semelhança com um candidato se achar o cara e a outra ser a coroa, é mera coincidência. E quem jogará a moeda para o alto? Tanto faz. O risco é a moeda cair em pé. Nem um nem outro candidato parece querer se curvar humildemente diante do povo. E finalmente os casos omissos que sempre ocorrem, como a possibilidade de Marina Silva exigir uma repescagem, seriam julgados em sessão conjunta dos Tribunais Superiores Eleitoral e Esportivo que manteriam equipes de plantão.

       Em tempo, a disputa presidencial aconteceria no Maracanã depois de preliminares para governador em todo o Brasil com as mesmas regras. No Paraná o enfrentamento seria na Baixada com Osmar e Beto. Nada contra o Paraná e o Coritiba. Acontece que a Arena esta cotada para sediar a Copa. Os analistas políticos paranaenses ganhariam contornos de cronistas esportivos e fatalmente a análise dos dois concorrentes seria de que um daria uma bicuda para o gol e que o outro hesitaria em chutar baixo ou alto. Isto se não houver um antecipado WO deixando muda a crônica e frustrando o eleitorado.

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