6:34Osmar Dias afirma que continua candidato ao governo e diz que não é indeciso, mas sincero

Do jornal Gazeta do Povo, em entrevista concedida ao jornalista André Gonçalves:

“Não há indecisão, há uma aliança complicada”

A última tentativa de selar uma aliança entre PT e PDT para sustentar a candidatura a governador do Paraná de Osmar Dias deve ocorrer hoje em Brasília. O senador espera por uma reunião com o presidente nacional petista, José Eduardo Dutra, que ainda não havia sido confirmada até ontem à noite.

Enquanto a negociação com o partido do presidente Lula se dilui, aumenta o assédio do PSDB. Ontem, o pré-candidato a presidente tucano, José Serra, elogiou abertamente Osmar durante entrevista ao Programa do Ratinho, no SBT.

A tentativa se soma ao convite formalizado pelo partido anteontem para que Osmar desista de concorrer ao governo para disputar a reeleição no Senado. Em entrevista à Gazeta do Povo, no entanto, Osmar garante que não está indeciso e que é candidato a governador.

“Talvez eu seja o político mais sincero que existe no Brasil e por isso eu sou confundido. As pessoas confundem a sinceridade que eu tenho com indefinição. Eu não estou indeciso”, disse ontem, após um novo dia de especulações sobre sua indefinição.

Hoje o senhor é candidato a qual cargo?
A governador.

Sem dúvida?
Sem dúvida.

Então toda essa indefinição que envolve o futuro do senhor é só boato?
Não. É um processo natural de quem está tendo dificuldades para fazer uma aliança. Talvez eu seja o político mais sincero que existe no Brasil e por isso eu sou confundido. As pessoas confundem a sinceridade que eu tenho com indefinição. Eu não estou indeciso. Se eu tiver uma aliança estruturada politicamente para a disputa, mantenho a candidatura. Se não, meus próprios companheiros haverão de reconhecer que não há possibilidades. Mas eu estou recebendo apoio no sentido de que há, sim, possibilidades.

O que o senhor achou da proposta que recebeu do PSDB?
A proposta do PSDB é bem interessante porque convida o PDT para participar da chapa majoritária. Eu fiquei até feliz. Não ficou claro se eu posso ser o candidato a governador. Isso deixou uma abertura para a gente conversar.

Qual é a diferença nas negociações com o PT e o PSDB?
A diferença é que a do PSDB existe, a do PT, não.

Não existe? Então não existe a proposta do PT para que o senhor seja candidato a governador e Gleisi Hoffmann a senadora?

Existe uma proposta que foi feita verbalmente, repetida muitas vezes e mudadas muitas vezes. Quem fez uma proposta fui eu, depois que eles me procuraram. Mas eles não aceitaram e a negociação com o PT foi encerrada por esse motivo.

O que emperra o acordo com o PT é só a exigência de Gleisi Hoffmann como candidata ao Senado?

A candidatura da Gleisi a vice-go­­­vernadora abriria a possibilidade de uma chapa com o PMDB, com o PP, e outros partidos que viriam pela força dessa coligação. Eles seriam aglutinados em uma chapa vencedora. Mas é importante ficar claro: eu nunca culpei o PT nessa história. Só acho que os objetivos do PT não são os mesmos do PDT. O PDT quer eleger o governador. O PT quer eleger uma senadora e só.

O senhor sempre diz que o PT do Paraná não trabalha, ou trabalha pouco, pela candidatura a presidente de Dilma Rousseff. É isso mesmo o que o senhor pensa?

Essa não é uma opinião minha. É uma opinião unânime dos políticos que estão acompanhando o processo no Paraná.

O senhor também fala que o PT havia se comprometido a trazer para o Paraná uma aliança com os partidos da base aliada ao governo Lula. Mas não é uma missão quase impossível fazer uma chapa com o PMDB do ex-governador Roberto Requião, rival do senhor na eleição de 2006 e que vive brigando com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo?

Por essa sua lógica eu tenho que fechar logo uma aliança com o PSDB. O PSDB esteve comigo no segundo turno em 2006 e eu estive com eles em 2004 e 2008. A aliança natural é com o PSDB. Se eu não posso fazer aliança com quem eu fui adversário, então a gente tem de voltar ao bipartidarismo. Eu acho até que deveria voltar para esse sistema. Tenho saudades daquele tempo, não tinha tanta trairagem como tem hoje.

Qual é a diferença da indefinição que o senhor teve na candidatura a governador em 2006 e agora?

Em 2006, eu tive um problema de saúde, que me fez retardar o anúncio da minha candidatura. Tenho responsabilidade, não acho que ser governador é um projeto pessoal. É um projeto coletivo. No momento em que as pessoas que me apoiavam aceitaram que eu fosse candidato naquelas condições, eu fui para a luta. E enfrentei o governador Requião. Ninguém pode me acusar de ser indeciso. Hoje não há indecisão, há uma aliança complicada. Tenho mais dificuldades em construir alianças devido ao lado em que o PDT se posicionou no campo nacional. Como eu sempre tive um histórico junto com o PSDB, o PPS, o DEM, essa posição nacional me colocou em uma situação de contradição no estado. A dificuldade que eu ti­­­­ve de firmar uma aliança com o PT tem a ver com essa questão histórica. Nós nunca estivemos juntos. O PT sempre foi meu adversário. Um processo de aliança nesse caso não é fácil. Acho que a gente pode colocar a responsabilidade na história de cada partido. Eu sempre disse: para fazer uma aliança com o PT, deveríamos remover os nossos obstáculos históricos. Quando eu assinei a CPI do MST, parte do PT se revoltou. Como eu me revoltei quando a Dilma não quis assinar um documento condenando a invasão de propriedade privada.

Como foi a conversa do senhor hoje com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi?

Tivemos um almoço e eu relatei a ele o cenário político do Paraná e as dificuldades da aliança com o PT. Ele sabia um pouco disso porque eu já havia ficado contra a entrada do PDT no governo federal, prevendo meus problemas em me relacionar com o PT no Paraná. Deixei claro que o sonho dele de ver a aliança nacional no Paraná é muito difícil. Os partidos já estão se definindo, como o PP, que foi base do governo o tempo inteiro aqui Brasília, indicou o vice-líder na Câmara (o deputado paranaense Ricardo Barros). Ele teve os benefícios dessa vice-liderança e hoje está fechado com o candidato do PSDB a governador. Não houve nenhuma preocupação do PT de chamar esse vice-líder para conversar e também não houve preocupação desse vice-líder em continuar a mes­­­ma trajetória. Ele era da base, mas não vai apoiar o candidato do governo. É uma posição política que eu não consigo adotar. Aqui em Brasília eu sempre fui leal, votei com o governo, mas a minha posição no Paraná sempre foi outra.

E as conversas com o candidato do PSDB a presidente, José Serra?

Ele me liga sempre. Me ligou no meu aniversário [segunda-feira]. Fez o convite para estarmos juntos, disse que não consegue me enxergar fazendo campanha contra ele. Disse que me considera um amigo. Hoje [ontem] ele me ligou de novo e repetiu tudo isso. Também disse que estaria no Programa do Ratinho e que falaria sobre mim. Como vocês [jornalistas] não me deixam ver o programa, eu não sei o que ele vai dizer a meu respeito, mas com certeza vai falar bem. [20 minutos depois da entrevista, Serra elogiou os conhecimentos de Osmar sobre agricultura no programa e disse que se aconselha sobre o tema com o paranaense.]

O senhor tem uma reunião com o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra. Tem alguma chan­­­­­ce de haver alguma reviravolta nessa negociação com os petistas?

O acesso ao presidente do PT tem sido muito difícil. Ele marcou comigo uma reunião, mas não marcou horário nem local. Eu espero que ainda hoje [ontem], antes das 22 horas, ele me passe os detalhes. Assim fica difícil se entender.

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