13:03O grito de Frans Krajcberg

As imagens que Frans Krajcberg recebeu sobre a situação atual do “Espaço Cultural” que abriga as obras que doou para a cidade de Curitiba

Frans Krajcberg vai fazer 90 anos em abril do ano que vem. Ele é um dos artistas brasileiros mais conhecidos no mundo, principalmente por sua militância ecológica. Existem dois museus no mundo exclusivamente com obras suas. Um é em Paris. O outro, em Curitiba, no Jardim Botânico. Antes do final do mês Frans Krajcberg vai sair de Nova Viçosa, no sul da Bahia, onde mora desde 1972, e voa para Curitiba onde pretende levar embora todo o material que doou para o museu. São dezenas de esculturas, fotografias e filmes que ele pretende resgatar por um motivo simples: estão abandonadas à própria sorte. No final de semana passada ele tomou a decisão a receber um vasto material fotográfico feito na sexta-feira por um amigo seu (ver fotos acima). Se já estava inconformado com o fato de há anos nunca mais ter notícia ou resposta sobre seus questionamentos sobre o museu, agora tomou a decisão. Hoje, por telefone, ele desabafou: “Ofereci tudo o que foi possível porque Curitiba era uma cidade ecológica. Agora estou sendo humilhado de uma maneira grosseira com o estado em que as esculturas e o museu ficaram. Não sabia nem que tinha ficado fechado durante um ano. Agora quero tudo de volta. Não quero criar problemas, mas se não deixarem eu pegar minha obra, vou entrar na Justiça para isso”, afirmou. O museu de Krajcberg foi inaugurado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso na gestão de Rafael Greca de Macedo. A placa alusiva ao evento desapareceu da pedra colocada na entrada do local. Krajcberg diz que manteve contato e controle sobre a situação no do museu até a administração de Cassio Taniguchi. Na atual, de Beto Richa, aconteceu a interrupção e tudo desandou, segundo ele. O artista, polonês de nascimento, naturalizado brasileiro, que chegou ao Brasil no final da década de 40 e morou no Paraná, em Monte Alegre, de onde enviou obras para participar da Bienal de São Paulo em 1951, afirma que vai denunciar não só no Brasil como no mundo todo, através da Unesco, o descaso. “Vou pedir socorro a todos”, avisa. Ele disse que Curitiba, conhecida no mundo todo como cidade ecológica, principalmente por causa do arquiteto Jaime Lerner, não podia ter feito isso com as obras de um artista. Em outubro Kracjeberg será convidado de honra de uma manifestação em Paris contra os problemas causados pelo homem à saúde do Planeta Terra. Se o impedirem de levar as obras, que pretende doar ao Estado da Bahia, como já fez com todo o seu acervo, que será entregue depois da sua morte, será uma ocasião e tanto para que grite com a mesma força que faz através das suas esculturas contra o descaso do ser humano para com a natureza.

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