16:15Atingidos pelas barragens se reúnem em Pato Branco

Do jeito que veio:

Em Pato Branco, atingidos por barragens cobram direitos e criticam privatização do Rio Chopim
O endividamento das famílias de agricultores atingidas pelas barragens também preocupa as lideranças da região.
 
O movimento das famílias atingidas por barragens (MAB) no Sudoeste do Paraná vai realizar um seminário nesta quinta-feira (dia 6), na cidade de Pato Branco, para tratar dos direitos dos ribeirinhos, da legislação ambiental e do endividamento das famílias de agricultores atingidas pelas barragens. O MAB critica ainda o que chama de “privatização” do rio Chopim e espera que em torno de 300 pessoas participem do seminário.
 
Endividamento
Centenas de famílias na região Sudoeste vêm sofrendo sistematicamente o impacto das mudanças climáticas e das fortes estiagens, mais especificamente, na última década. O acúmulo de dívidas, somado a um modelo de produção agrícola que favorece o agronegócio e amplia a descapitalização dos produtores familiares, na opinião dos coordenadores do MAB, contribuíram para que a situação dos atingidos só se agravasse. “A descapitalização, ou seja, a perda gradativa de condições de sobrevivência e de competitividade na agricultura é real. Muitas famílias vendem a criação, maquinário, implementos para saldarem suas dívidas”, informa o coordenador do MAB, Robson Formica.
O crédito facilitado também é apontado por Formica como uma das razões do endividamento. “É um dinheiro que só circula, ou seja, passa pelas mãos dos agricultores. Não é diferente do trabalhador da cidade que recebe o salário e sai pagando as contas. Em poucos dias, não tem mais nada. E o agravante é que o agricultor ainda corre o risco de perder a lavoura, seu bem de capital, para as intempéries do clima”, disse.
Ele lembra que a saída da juventude das propriedades rurais em busca de outras oportunidades de trabalho está contribuindo para diminuir a renda na agricultura familiar. “Quem está melhor de vida são aquelas famílias que têm idosos, uma vez que a aposentadoria amplia o rendimento delas”, argumenta.
 
As usinas do rio Chopim
Somente ao longo do rio Chopim, que percorre aproximadamente 12 municípios do Sudoeste paranaense, estão previstos 12 projetos de implantação de usinas hidrelétricas. O MAB critica o fato que denomina como sendo a “privatização dos recursos naturais”. Três desses projetos encontram-se mais adiantados e, recentemente, foram autorizadas as licenças-prévias das primeiras obras. O movimento alerta para a dissociação das análises ambiental e social para instalação de uma usina. “Separar os impactos ambientais da problemática social causada pelas barragens é o mesmo que dizer que é possível existir um ambiente sem gente”, aponta Formica. O MAB não concorda também com a visão de que todas as questões ambientais sejam passíveis de mitigação e que os problemas que porventura surgirem poderão ser simplesmente driblados com programas específicos. “O que vale para o impacto ambiental não pode ser aplicado aos problemas sociais porque estes últimos lidam com as vidas das pessoas”, conclui.

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