Quem olha o prédio principal do Tribunal de Contas, flutuando sobre um espelho de água, não imagina que em seu interior possa ter ocorrido cenas como a descrita por um funcionário graduado que agora curte a aposentadoria com o sono tranquilo – porque trabalhou e fez jus ao que ganhou. Conta ele que, em reuniões no gabinete de um conselheiro muito conhecido da Corte e que partiu há algum tempo, onde eram feitos tanto negociações pouco recomendáveis com prefeitos como com donos de terra, o clima era tão barra pesada, que ele, funcionário, comparecia com uma pistola Glock com o pente carregado até a boca colocada na parte de trás da cintura. Para se garantir, levava no tornozelo um revólver de cano curto. Isso porque, confessa, os negociantes eram pessoas cujo modus operandi pouco combinava com o que está escrito na lei, para se dizer o mínimo.