5:36A truculência inexplicável da PM contra um inimigo inexistente

por João José Werzbitzki, JJ*

Antes do jogo do Atlético Paranaense com o Palmeiras, fui jantar na Napolitana Arena, com um amigo. Na chegada, eu me emocionei com moças e rapazes colocando tinta preta no rosto, como manifestação contra o racismo do Danilo contra o nosso zagueiro Manoel.

Enquanto jantávamos, ouvíamos os cantos da torcida e de um carro se som, ali na entrada da Arena da Baixada, onde os torcedores se concentram para entrar no estádio. Em todos os jogos.

Aí aconteceu algo inesperado, inexplicável e absurdo. Um policial militar entrou no meio da rapaziada, das moças, das crianças e começou a distribuir cacetadas para todos os lados. Logo, outros policiais militares avançaram sobre aquela multidão pacífica (só havia atleticanos cantando e pintando a cara, por ali) e começaram a empurrar e a bater. Carros chegaram voando baixo, com sirenes ligadas e deixando mais PMs no local, para dispersar a torcida pacífica que estava entrando na Arena.

O pior aconteceu em seguida, quando uns 20 ou 30 PMs a cavalo desceram a Buenos Aires e entraram no meio daquela multidão, abrindo espaços atropelando a todos – sem se preocupar com crianças, idosos, deficientes,  moças, rapazes, homens e mulheres que por ali estavam, entrando no Joaquim Américo. Foi uma cena de guerra, contra inimigo algum.

Todos que lá estavam podem confirmar meu testemunho, principalmente as quase 80 pessoas que das janelas da churrascaria assistiram àquela barbarie da Polícia Militar do Estado do Paraná, que o novo Governador Pessutti (atleticano de fé) e o novo Secretário de Segurança Pública asseguraram que nos proporcionariammaior segurança e tranquilidade para todos nós.

A segurança em torno da Baixada era pra lá de exagerada, na noite do jogo com o Palmeiras – talvez pelo clima que a Imprensa paulista criou. Não aconteceu nada, como não iria acontecer, com o palmeirenses. Apenas Danilo foi vaiado e xingado enão teve sua mão apertada pelo Manoel, quando todos os jogadores se cumprimentaram antes do jogo. Só – mais nada, nem antes, nem durante, nem depois.

A direção do Palmeiras (Cipulo) inclusive agradeceu à hospitalidade e à segurança que o Atlético proporcionou aos jogadores e torcedores palmeirenses. Está no jornal Lance, de ontem.

A única hostilidade foi da nossa Polícia Militar, contra nossos torcedores que, repito, estavam pacificamente pintando os rostos de preto e cantando, antes de entrar na Arena.

Espero, sinceramente, que estas linhas de desabafo – propositadamente escritas 24 horas depois dos acontecimentos, para não ser passional – façam alguma diferença, no tratamento que a Polícia Militar proporciona a nós todos, paranaenses.

A direção do Atlético, o governador Pessutti e o Secretário de Segurança tem que conversar e resolver esta questão grave, que por milagre não teve feridos com graves consequências, pelo destempero e despreparo de um PM que contagiou os demais.

A RIC/Record gravou tudo que aconteceu e dei depoimento relatando os fatos que assisti, incrédulo e depois revoltado, da janela do restaurante da Baixada.

Isso não pode ficar assim. Não deve mais acontecer. Nunca!

A torcida não merece apanhar da PM, nunca, ainda mais quando não fez nada.

*Jornalista, Publicitário, Atleticano desde 1957.

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