19:00HORÓSCOPO

por Zé da Silva

Sagitário

A bola amarela, dessas de piscina de festa de criança, estava ali sozinha, longe da algazarra, no início de uma noite fresca. À sua frente um longo corredor de piso frio, luzes brancas a dar brilho, ao lado do prédio onde famílias se escondiam do mundo. Ele deu deu um bico de leve nela e ficou acompanhando a trajetória enquanto mastigava uma coxinha de galinha fria. Lhe veio a mesma sensação que um dia lhe tomou conta ao ver bexigas vermelhas ao lado de um rodovia movimentada na grande metrópole. Estavam soltas, fugidas de alguma festa próxima. Pareciam tentar atravessar a rodovia, mas o vento deslocado por carros, ônibus e caminhões as faziam recuar. Ele viu aquilo e pensou na vida. Que era parecido com aquilo. E a imagem ficou impregnada para sempre. Agora a bola amarela rolava silenciosa na direção de um portão feito de barras de ferro. Ele pensou de novo na vida. Mas, de novo, não sabia explicar o por quê. A bola parou. Ele nem foi atrás. No fim da festa, ao chegar ali, ela não estava mais lá. Alguém a pegou, com certeza. Quem? Um mistério. Como a vida.

Compartilhe

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.