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Do jornal Gazeta do Povo, em reportagem de Karlos Kohlbach, Katia Brembatti, James Alberti e Gabriel Tabatcheik (http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/diariossecretos/):

Justus e Curi demitiram 116
Dos 237 exonerados pela Assembleia, a metade estava lotada na presidência e na primeira-secretaria da Casa

Os diários oficiais da Assembleia Legislativa do Paraná mostram que os deputados Nelson Justus (DEM) e Alexandre Curi (PMDB) demitiram dezenas de funcionários comissionados dos gabinetes da presidência e da 1.ª secretaria após a divulgação da série de denúncias “Diários Secretos” da Gazeta do Povo e da RPCTV. Nos diários 31, 32 e 33, datados de abril deste ano, foram exonerados 116 funcionários comissionados dos gabinetes comandados por Justus (40 demitidos) e Curi (76). As demissões tinham data retroativa a março.

Os três diários – que datam de 5, 6 e 7 de abril – trazem a exoneração de 237 funcionários em cargo de comissão na Assembleia. Vinte e dois desses servidores demitidos foram citados na série “Diários Secretos”, envolvidos em alguma irregularidade. As reportagens levantaram suspeita para a prática de pelo menos nove crimes na Casa, entre eles desvio de dinheiro público, formação de quadrilha e sonegação fiscal. E mostraram ainda as redes de parentes montadas dentro da Assembleia por Justus e pelo diretor-geral afastado Abib Miguel, o Bibinho.

Uma das comissionadas citadas na série de reportagem é Gina Prevedello Pequeno, que mora em Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina. Ela foi exonerada do gabinete da primeira-secretaria. Gina admitiu que mora há pelo menos cinco anos longe do Paraná. Ela é filha de Douglas Bastos Pequeno, contador da fazenda de Abib Miguel. O nome de Gina não aparece na lista de funcionários divulgada na Lista da Transparência em março de 2009 por Justus. Mas a Assembleia depositou R$ 1 milhão na conta bancária dela entre os anos de 2004 e 2009.

A ex-mulher de Pequeno, Mariles Pre­­vedelo, e a outra filha dele Lorete, também receberam dinheiro da Assembleia, mesmo morando fora do Paraná. Para o Legislativo, as duas eram funcionárias comissionadas. Mariles e Lorete foram demitidas do gabinete da administração e a exoneração consta nos diários oficiais de abril.

Cabeleireira

Do gabinete da presidência foi exonerada a cabeleireira Tereza Ferreira Alves. Ela foi flagrada pela reportagem trabalhando em um salão de beleza em Curitiba. Tereza disse que era funcionária de Justus, mas não soube dizer o que fazia para o deputado. No dia 13 deste mês, ela disse à reportagem que estava de licença médica, mas a exoneração de Tereza saiu no Diário Oficial 32 de 6 de abril, com data retroativa a 2 de março de 2010.

Todas as exonerações contidas nos diários oficiais 31, 32 e 33 são retroativas. A Diretoria de Comunicação da Casa informou que o ato é considerado normal pela direção do Legislativo paranaense. Apesar da impressão dos diários ocorrer em abril, as demissões são de fevereiro e março deste ano. O procurador jurídico da Assem­­­bleia, Ayrton Costa Loyola, disse que as demissões são retroativas porque a Casa suspeitava que os comissionados não trabalhavam. “A exoneração foi feita para trancar o salário.”

Os três diários oficiais mostram que desde 2006, a Assem­­­bleia nunca havia demitido tantos funcionários em um único mês. A média mensal nos mais de 750 diários consultados pela Gazeta do Povo e pela RPCTV é de 27 exonerações mensais. Só em março de 2010 foram 206.

Recadastramento

A Assembleia anunciou ontem que 2.255 servidores fizeram o recadastramento até sexta-feira passada. Deste total, 496 são concursados e 1.759 comissionados. Todos os servidores que ocupam cargos em comissão e que fizeram o recadastramento serão demitidos no dia 30 de abril. Muitos serão readmitidos no começo de maio. A Assembleia garante que as readmissões seguirão os limites determinados para cada setor como prevê a Lei de Re­­for­­­mulação do Funcionalismo da Casa, em vigor desde março.

Os deputados Nelson Justus e Alexandre Curi foram procurados para comentar as demissões, mas os parlamentares não quiseram atender a reportagem.

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